BlogBola

Tentando dar alguma razão à emoção do futebol

31 de mai. de 2006

Irregular também ganha

escrito por Raphael Perret @ 23:53 1 comentário(s)

O primeiro tempo de Flamengo e Palmeiras foi pavoroso. Me recuso a comentar.

O segundo tempo começou igual. Chato que só. Até o Palmeiras encontrar um gol num desvio de Jônatas após cabeçada de Leonardo Silva. Era o sinal de que ia começar o desespero. Porém, Ney Franco pôs Vinicius e Obina. E ficou clara a irregularidade do time, porque eles são jogadores que vinham mal nas últimas partidas, mas conseguiram mexer com o andamento do jogo, sobretudo com a velocidade de Vinicius. Este, aliás, empatou, em boa jogada do ataque.

O técnico do Palmeiras, Tite, resolveu ajudar. Tirou Edmundo, que bem ou mal armava as jogadas do Verdão, e detonou qualquer tentativa ofensiva do Verdão. O pênalti, que poderia não ser marcado caso o árbitro fosse outro, premiou o Flamengo, que não abriu mão da vitória depois da virada e quase fez mais um em boa trama de Peralta com Vinicius.

De bom, destaque para a boa atuação de Peralta. Dribla bem e tem visão de jogo. Falta apenas ser mais um pouco objetivo.

(Flamengo 2 x 1 Palmeiras, Maracanã, Rio de Janeiro, 31/05/2006, nona rodada do Campeonato Brasileiro)

***

Tudo bem, Ney Franco tinha todo o direito de usar os jogadores que vieram do Ipatinga, já conhecia os três, etc. Mas está na hora de pensar duas vezes, sobretudo com Léo Medeiros e Diego Silva, cada vez mais nulos em campo. E Minhoca também já deveria pôr as barbas de molho, porque suas boas atuações nos primeiros jogos pareceram fogo de palha. Um jogador que se mostrava solto ficou, de repente, muito tímido, arriscando muito pouco nos passes e nas jogadas.

E lamentável que o Flamengo não tenha um lateral-esquerdo.

28 de mai. de 2006

Reflexo perfeito da superioridade

escrito por Raphael Perret @ 22:02 6 comentário(s)


Tuta e Lenny comemoram o gol que deu a liderança ao Fluminense


O Fluminense é o melhor time do Rio no campeonato. É "apenas" o líder. O Flamengo, por sua vez, é o pior carioca na competição. Pra variar, hospeda-se na zona de rebaixamento, já na oitava rodada. O Fla-Flu de hoje foi uma amostra honesta da diferença de qualidade das duas equipes: não é grande, mas é evidente.

O tricolor marcou seu gol logo no início do jogo. Petkovic bateu falta pela ponta-esquerda, a bola passou por toda a defesa do Flamengo e Tuta se abaixa (isso, ele não sobe: se abaixa) para cabecear, meio torto, no cantinho. Depois disso, tivemos um bom primeiro tempo. O Fla não se acomodou, partiu pra cima, imprensou o Fluminense mas não teve competência para furar o bloqueio tricolor. E, quando o suplantava, o ataque morria nas mãos (ou nos pés, como em duas vezes) de Fernando Henrique. É claro. Não se escala Diego Silva, adepto do cai-cai em vez de tentar lutar pela bola, e Juan, péssimo, lateral que não sabe cruzar nem tocar.

No segundo tempo, o panorama não mudou. Até que Tuta é expulso pelo segundo cartão amarelo, depois de duas faltas duras. O técnico Ney Franco colocou Vinicius e Peralta, alterações que tiveram algum êxito e resultaram em boas chegadas do Flamengo. Em compensação, através de Juliano e Radamés, Oswaldo de Oliveira botou o Fluminense pra correr e os contra-ataques deram trabalho à zaga rubro-negra.

O trabalho das defesas apontou, para cada lado, a competência e a inabilidade. Embora o Flamengo tivesse mais volume de jogo, seus ataques, na sua maioria, revelaram-se inócuos diante de uma defesa sólida. Por outro lado, os contragolpes tricolores revelavam muito mais perigo para a atabalhoada zaga do Flamengo, que se salvava porque os jovens atacantes Lenny e Juliano se mostraram afobados, problema que a seqüência de jogos resolverá.

O 1 a 0 foi um placar justo. Refletiu a leve superioridade de um time, com frieza suficiente para marcar apenas um gol e se manter firme, sobre o outro, incapaz de se impor mesmo com um jogador a mais (fato recorrente no caso do Flamengo).

(Fluminense 1 x 0 Flamengo, Maracanã, Rio de Janeiro, 28/05/2006, oitava rodada do Campeonato Brasileiro)

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A demissão de Waldemar Lemos foi uma cretinice da diretoria. Fosse a categoria de treinadores dominada por uma atmosfera realmente ética, Ney Franco jamais aceitaria o convite do Flamengo. Mas, já que aceitou, vale dar-lhe um crédito. Pelo pouco que viu do Flamengo, já barrou Obina, Fernando e Júnior, estes dois últimos "crias" da Gávea. No lugar deles, deu chance aos contratados do Ipatinga, clube em que os dirigiu. Se tem um mínimo de conhecimento de futebol, é natural que fizesse isso. Portanto, é injusto que Raul Quadros, comentarista do Premiére Esportes, diga que Waldemar tenha sido demitido porque aproveitou os jogadores formados no Flamengo em detrimento dos contratados de Kléber Leite - e isso é verdade - e, com isso, insinue que esta é a melhor forma de operar, uma vez que o Fluminense utiliza a tática e está na liderança do campeonato.

Ocorre que a prata das Laranjeiras está mais pra ouro, enquanto a prata da Gávea está mais pra lata. Júnior e Fernando são jogadores fracos, e Ney Franco, ao retirá-los do time titular, não faz nada de errado. Além disso, o técnico lançou o grandalhão Goeber, que à primeira vista assusta pelo tamanho, mas logo surpreende pelo inesperado talento e alguma competência com a bola nos pés. Maior que a dos ex-titulares, diga-se de passagem.

Essa história de que tem de se aproveitar a "prata da casa" é papo pra boi dormir. Nem sempre uma safra de jogadores formados no clube é boa. As últimas que o Flamengo tem revelado estão longe disso. Demonstram o fruto de um paternalismo exagerado e uma arrogância que nem os craques da seleção têm.

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No fim do primeiro tempo, após cobrança de escanteio, Renato subiu sozinho e cabeceou no ângulo. Um belo gol, invalidado pelo auxiliar porque, segundo ele, em sua visão ímpar, compartilhada somente com ele mesmo, a bola saiu de campo ao voar até a cabeça do jogador do Flamengo.

Geladeira nele.

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O primeiro tempo de São Paulo x Vasco foi um ramerrame só. Um jogo amarradinho, amarradinho, que não sei como teve um gol, marcado por Alex Dias, que matou a saudade de fazer a rede balançar em São Januário. Fora isso, toque pra cá, toque pra lá, objetividade zero.

Depois do intervalo as coisas mudaram. Os vascaínos perceberam que outra derrota no Rio de Janeiro, a terceira seguida, não ia ser legal. Foram pra cima e Ygor fez o gol de empate, após escanteio, num lance totalmente inusitado: primeiro, porque ele nem saiu do chão pra cabecear no canto esquerdo de Bosco; segundo, porque pela primeira vez, numa cobrança de córner, o time atacante tem mais jogadores na área do que a equipe que defende.

O São Paulo, que parecia cada vez mais sonolento, acordou com o alarme tocado no gol do Vasco. Muricy colocou Lúcio e Leandro e o tricolor paulista começou a dar as cartas. O cenário, então, era este: o São Paulo atacava e pressionava, com chances reais de gols, enquanto o Vasco saía em contra-ataques perigosos. O detalhe é que o jogo era em São Januário e, no fim das contas, o empate, para os paulistas, era bem melhor resultado do que para os cariocas, que só puderam comemorar a saída da zona perigosa e a inclusão do Flamengo nela.

(Vasco 1 x 1 São Paulo, São Januário, Rio de Janeiro, 28/05/2006, oitava rodada do Campeonato Brasileiro)

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47 minutos do segundo tempo, zero a zero, oitava rodada do campeonato e o time da casa, até então, só havia perdido diante de sua torcida. Eis que surge um jogador da equipe mandante em impedimento, após lance confuso na área, e marca o gol da vitória, para o delírio da galera, dos jogadores, do técnico, de todos ali, menos de quem representava o adversário. Sério: qual juiz ou bandeirinha vai anular o gol?

(Atlético-PR 1 x 0 Juventude, Arena da Baixada, Curitiba, 27/05/2006, oitava rodada do Campeonato Brasileiro)

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O pênalti marcado pelo juiz de Santos x Corinthians e que, ainda bem, não resultou em gol, foi uma das coisas mais grotescas deste campeonato, talvez do ano. Rodrigo Tiuí errou o chute, o marcador Betão sequer encosta no atacante e ainda ouso dizer que Tiuí caiu por pura incongruência com a bola naquele momento. Sua momentânea inabilidade foi premiada com o pênalti, cujo desfecho foi a defesa de Silvio Luiz.

Silvio Luiz que falhou, a meu ver, nos dois gols do Santos. Não está em boa fase o goleiro corintiano. E goleiro em má fase significa, obrigatoriamente, má fase para o time.

(Santos 2 x 0 Corinthians, Vila Belmiro, Santos, 28/05/2006, oitava rodada do Campeonato Brasileiro)

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Viva o Brasileirão e sua tabela mágica, que proporciona grandes jogos a qualquer rodada.

Quarta-feira um duelo tricolor de arrepiar, valendo a liderança: São Paulo x Fluminense, no Morumbi. Vale a liderança porque, mesmo com a diferença de três pontos, caso o time paulista vença por qualquer placar, ultrapassa a equipe carioca no saldo de gols.

Ao mesmo tempo, o Maracanã recebe Flamengo e Palmeiras, dois times na zona da degola. O primeiro não vence há quatro partidas no campeonato, enquanto o visitante perdeu em casa para o Grêmio. É jogo de desespero.

De olho no duelo do Morumbi, o Cruzeiro recebe o Atlético-PR, time em crise de identidade, cuja maioria dos pontos foi conquistada longe da torcida. O Internacional vai a São Caetano e o Santos duela, na quinta-feira, com o Grêmio no Olímpico. Nos três jogos, os vice-líderes são favoritos. É muito provável que a ponta da tabela sofra modificações ao fim da próxima rodada.

26 de mai. de 2006

Passes curtos

escrito por Raphael Perret @ 15:25 0 comentário(s)

Foi difícil escrever aqui durante a semana. Vamos ao que interessa, pela manjada e esfarrapada estrutura de tópicos.

- Mais uma vez, o Santos amarelou no Maracanã. Fez 2 a 0 rapidinho sobre um Flamengo perdidinho, perdidinho, armado estranhamente pelo técnico debutante Ney Franco, que tirou Obina para colocar o volante Léo Medeiros. O time bateu cabeça enquanto via Rodrigo Tiuí e Luis Alberto marcar seus gols. Pensando bem, também viu o próprio Luis Alberto e Maldonado se enroscarem e marcarem contra. No segundo tempo, Goeber revelou-se um jogador razoável, apesar de seu tamanho algo assustador. E o Flamengo chegou ao segundo gol em boa jogada pela direita, enquanto o Santos errou muito nas conclusões. Os rubro-negros, depois do empate, tentaram a virada, mas sequer conseguiam chegar à área santista, já que eram desarmados infantilmente no meio do caminho. Aos cariocas, valeu pela garra em buscar o empate. Aos paulistas, ficou a decepção de conquistar um ponto em dois jogos no Rio e nos quais foi superior. E a perda da liderança.

- Em Fortaleza, o Flu venceu categoricamente o time homônimo da cidade. Pelo que li, o tricolor foi objetivo nos contra-ataques e marcou na maioria das chances que teve, enquanto o Fortaleza pressionou, pressionou, pressionou e conseguiu dois gols. Pena que tenha tomado cinco. O Flu já esqueceu a Copa do Brasil. Mostrou-se um time frio e entra com gás no Fla-Flu do domingo, no qual é favorito.

- Muitas goleadas e poucas surpresas. O Cruzeiro começa a encantar, mostrando regularidade e um ataque eficiente. Ainda não despontou na liderança, seguido de muito perto por Fluminense e Internacional. Mas tem condições de se distanciar, por demonstrar mais equilíbrio e força do que os times carioca e gaúcho. O São Paulo meteu quatro a um no Palmeiras, que está muito perdido e precisa de muita paciência para sair da situação constrangedora de se localizar na zona do rebaixamento. O tricolor fez o que dele se esperava. O Santa Cruz não mostra nenhuma melhora e coleciona resultados negativos. O último foi uma goleada para o medíocre time do Juventude. O Botafogo, este sim surpreendentemente, goleou o Vasco por 4 a 1, com três gols de um misterioso e irregular Dodô. Para um time que era a pior defesa do campeonato, a goleada foi um sopro de vida e tanto, que lhe empurrou para fora da zona perigosa, e que ainda pôs o rival cruzmaltino bem perto dela.

- No domingo, o Internacional recebe o Cruzeiro. Na quarta-feira, o São Paulo pega o Fluminense. Na última rodada antes da Copa, no domingo, teremos Fluminense x Internacional. Jogos de pesos-pesados, envolvendo liderança. O Brasileiro não fica devendo em nada às expectativas do torcedor.

- Espantoso o clima de oba-oba da torcida brasileira em Weggis. Assim como espanta, também, o favoritismo do Brasil por todo o mundo. Quem aposta na seleção em Londres não ganha quase nada. Todos os técnicos acreditam que o hexa é perfeitamente possível. A perda será uma decepção tremenda para o país. A derrota, aliás, chega a ser algo inacreditável.

Sinceramente, não lembro de nenhum clima assim nas Copas que assisti com mais atenção. Em nenhuma delas, o Brasil chegou com tamanho favoritismo. Talvez em 1998, mas a campanha periclitante diminuiu as expectativas da torcida. Desta vez, a pressão será absurda e pode atrapalhar os jogadores.

Eu espero apenas uma coisa: que os jogos sejam emocionantes. Prefiro confrontos difíceis a apresentações contundentes. Os obstáculos mais sólidos tornam a campanha mais memoráveis. De 1994, quando todos os jogos depois da primeira fase foram complicadíssimos, tenho muito mais lembranças do que de 2002, ano em que o Brasil se sagrou campeão sem muitas dificuldades, a não ser no primeiro jogo contra a Turquia e nos confrontos com Bélgica e Inglaterra.

Por tudo isso que eu preferia que o Brasil fosse favorito... pero no mucho.

21 de mai. de 2006

Azar do Santos, o melhor para o campeonato

escrito por Raphael Perret @ 23:03 0 comentário(s)


O Santos tentou vencer no Maracanã, mas se esqueceu de combinar com a sorte


Dos três resultados possíveis para um jogo de futebol, apenas dois seriam justos para a partida entre Fluminense e Santos no Maracanã, hoje, pelo Brasileirão: o empate ou a vitória do time paulista. O Santos foi superior o tempo todo. Não se intimidou por ser visitante, jogou de igual pra igual com o dono da casa e não fez gol porque Fernando Henrique estava numa noite muito feliz. E o goleiro do Fluminense foi o único motivo que tornaria a igualdade no placar um resultado adequado.

Entretanto, o futebol é fascinante exatamente pelo imponderável. E este se apresentou no Maracanã, num lançamento despretensioso vindo do meio-de-campo, concluído em uma cabeçada do zagueiro Luís Alberto, capaz de deixar a bola no fundo da rede, inalcançável para Fábio Costa. A finalização mais eficiente das poucas que o Fluminense produziu.

E fez-se a injustiça.

(Fluminense 1 x 0 Santos, Maracanã, Rio de Janeiro, 21/05/2006, sexta rodada do Campeonato Brasileiro)

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O 1 a 0 foi muito oportuno para a maioria dos times do campeonato. Oportuno para o Cruzeiro, que é o novo líder, mas apenas no saldo de gols, já que empata em número de pontos com outros três times. Oportuno para o Fluminense, que bebeu muito na fonte da sorte, arrancou uma vitória em um jogo em que se apresentou disperso e errando demais e permaneceu nas bocas. Oportuno para o Internacional, que acabou mantendo-se entre os primeiros mesmo depois do vexame de sábado. E oportuno para o próprio campeonato, que não viu o Santos se distanciar na ponta e traz mais emoção às próximas rodadas, que definirão os novos líderes.

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O zagueiro Thiago, do Fluminense, precisa ser enquadrado urgentemente. Não sei se deve sair do time titular, ou se deve ouvir uma conversa a sós com o técnico. Uma medida, porém, se faz necessária. Suas reações tresloucadas em algumas jogadas não são surpresa. Desde o Campeonato Carioca ele já demonstrava muito nervosismo e, não raro, apelava para alguma violência nas divididas. Hoje, ele abusou, dando até cotovelada no atacante Wellington Paulista, do Santos. Durante a semana, contra o Vasco atrapalhou o Fluminense ao cometer um pênalti inacreditável, no fim do jogo. Se nada for feito, Thiago poderá ficar conhecido mais pelos problemas que causa do que pelo futebol que joga.

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No Mineirão, o Flamengo enfrentou o Cruzeiro sem medo. Não que tenha realizado jogadas magníficas, mas não abriu mão do ataque e, à sua moda, causou perigo ao Cruzeiro.

"À sua moda", aqui, significa: de forma atabalhoada, lentamente, mas tocando a bola consciência. Assim, marcou o primeiro gol, num cruzamento perfeito de Walter Minhoca para Diego Silva. Os gols da virada do Cruzeiro vieram em conseqüência da melhor qualidade do time mineiro e das freqüentes falhas da defesa rubro-negro nas bolas alçadas na área.

Depois, o Flamengo tentou muito e não desistiu em busca do empate. Não conseguiu, apesar dos bons chutes dos jogadores, que passaram perto do gol de Fábio. Houvesse Waldemar Lemos tirado Obina, e não Diego Silva, o Flamengo talvez tivesse melhor sorte. Resultado normal no Mineirão.

Mas está na hora do Flamengo perder fora de casa neste campeonato.

(Cruzeiro 2 x 1 Flamengo, Mineirão, Belo Horizonte, 21/05/2006, sexta rodada do Campeonato Brasileiro)

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Bastou o Vasco pegar um time razoável para perder sua longa invencibilidade, mesmo em São Januário.

Foi um resultado que serviu para acordar a diretoria vascaína. O time é melhor que o dos últimos anos e pode evitar que o clube não pague os micos que pagou nos mais recentes Brasileiros. Pode até ganhar a Copa do Brasil, já que o adversário não é de um nível melhor.

Contudo, não é a maravilha que os dirigentes e até o técnico pregam. Pra disputar o campeonato, este campeonato, é preciso melhorar muito.

(Vasco 2 x 4 Corinthians, São Januário, Rio de Janeiro, 21/05/2006, sexta rodada do Campeonato Brasileiro)

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Pra variar, a próxima rodada será quente.

Na primeira vez em que o Brasileiro terá jogos no meio de semana, um clássico paulista, com gosto de revanche, vai agitar a tabela: São Paulo x Palmeiras, no Morumbi. O tricolor pode chegar perto da liderança (mesmo em quinto, está a um ponto dela), ou o Verdão pode sair da zona de rebaixamento, projeto iniciado hoje, com a vitória esperada, porém difícil, sobre o Santa Cruz.

O Santos fica no Rio para pegar o Flamengo no Maracanã. Será o primeiro de três jogos do rubro-negro no estádio, onde está invicto. Uma bela chance para o time carioca se recuperar. O primeiro adversário é um velho carrasco, que espera melhor sorte em relação à derrota para o Flu.

E o Maracanã recebe mais um clássico regional, depois de vários outros nas últimas semanas. Botafogo e Vasco disputam um jogo depois de sérias derrotas. Não deve dar casa cheia, mas pode deixar um dos times em situação crítica.

Por fim, em São Paulo, um revigorado Corinthians pega o Internacional, ávido por uma reabilitação pós-goleada. E por uma vingançazinha pela polêmica derrota sofrida para o Timão no ano passado. Haja fôlego!

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Não sei se vocês repararam, mas tenho comentado pouco sobre a Copa do Mundo.

Claro, ela ainda não começou. Enquanto não rolar a bola, haverá pouco sobre o que escrever. Por ora, é muito oba-oba, muita especulação, muito falatório. Vamos esperar o juiz apitar o início de Alemanha x Costa Rica. Até lá, vamos acompanhando, quietinhos.

20 de mai. de 2006

Em Porto Alegre estava mais animado

escrito por Raphael Perret @ 20:15 0 comentário(s)

Coloquei a TV no jogo do São Paulo por ser o atual campeão mundial e da Libertadores, ter um time interessante... Mas, como sempre, jogos com o São Caetano tendem a ser muito chatos. A partida de hoje no Morumbi não foi diferente. O primeiro tempo foi de ataque contra defesa. O Azulão mal saía de seu campo e o São Paulo chegava muito perto, e se não fosse o goleiro Luiz teria feito uns três a zero fácil, fácil.

Enquanto isso, o jogo de Porto Alegre parecia muito animado. O Figueirense tripudiou do anfitrião Internacional, fazendo 1 a 0, permitindo o empate através de um pênalti e marcando 2 a 1. Se faltava algum estímulo para mudar de canal, ele veio quando Alex Dias, ufa, abriu o placar em São Paulo para o tricolor. Como dificilmente o São Caetano ofereceria algum perigo ao time da casa, resolvi assistir ao jogo do Inter.

Vi o restinho do primeiro tempo e a segunda etapa inteira. A objetividade do Figueirense foi impressionante, já que suas investidas foram poucas, mas renderam dois gols, com a ajuda da zaga colorada, falha até a medula. O Inter parecia inofensivo. É verdade que o jogo aéreo do time gaúcho é uma tática perigosa, já que Fernandão é um exímio cabeceador e consegue concluir cruzamentos mesmo marcado por dois zagueiros. Porém, se o time adversário reúne a maioria de seus jogadores dentro de sua área, o jogo aéreo se torna uma estratégia improdutiva. E pareceu que o Inter não tinha outras cartas na manga, uma vez que, quando tentava avançar pelo meio ou por tabelas, perdia a bola facilmente.

Cai mais um invicto no campeonato, e cai mais uma chance de o Brasileiro ter um novo líder. Parabéns ao Figueirense, que já havia detonado o Palmeiras em um inebriante 6 a 1 em Florianópolis.

E valeu a pena ter optado pelo jogo do sul. O placar do jogo do São Paulo foi o mesmo do primeiro tempo.

(São Paulo 1 x 0 São Caetano, Morumbi, São Paulo, 20/05/2006, sexta rodada do Campeonato Brasileiro)

(Internacional 2 x 4 Figueirense, Beira-Rio, Porto Alegre, 20/05/2006, sexta rodada do Campeonato Brasileiro)

Vitória sofrida

escrito por Raphael Perret @ 19:09 0 comentário(s)


Marcelinho vibra com o gol que marcou, o primeiro do Fla


Não, não deixei de escrever aqui sobre a vitória do Flamengo porque fiquei extasiado, comemorando há mais de 48 horas. Foi falta de tempo mesmo. E até falta de material, porque só pude ver o segundo tempo da partida. Para a transmissão do Sportv, o Flamengo não fez um bom primeiro tempo e o Ipatinga poderia ter saído commelhor resultado para o intervalo, mas ficou no 1 a 1, placar construído num gol de Camanducaia (sempre ele) e numa insistente tentativa do jovem lateral Marcelinho, que substituía Leonardo Moura.

Na segunda etapa, a partida estava parelha, sem grandes emoções e com pouca técnica, até que Jônatas fez boa jogada e achou Renato, que, de primeira, mandou no cantinho de Rogério Posso. Um golaço que fez a torcida explodir e incentivar o time.

E esse incentivo foi fundamental para a classificação do Flamengo. O Ipatinga tomou conta do jogo, chegou perto do empate - inclusive em um lance parecido ao gol do primeiro jogo, com Diego saindo atabalhoado e quase fazendo pênalti em Enrico - e o time carioca, ao contrário do Vasco da véspera, foi totalmente ineficaz em construir um contra-ataque decente. Lento e errando passes, desde o gol de Renato o Flamengo não chegou mais à meta adversária. Demonstrando inexperiência, com o relógio próximo do final os jogadores sequer tocavam a bola quando tinham o domínio, e sim tentavam avançar sem a menor organização. Se o Ipatinga não conseguiu marcar o seu gol, os motivos foram Diego, que evitou o pior, e a torcida, poderosa, inflamada, potente, que desconcertou os jogadores do clube mineiro.

Final de jogo, Flamengo classificado, sofridamente como sempre, decisão épica com o Vasco. O Maracanã terá duas quartas-feiras com lotação esgotada, para o delírio do torcedor carioca, para a felicidade do futebol brasileiro.

(Flamengo 2 x 1 Ipatinga, Maracanã, Rio de Janeiro, 18/05/2006, segundo jogo das semifinais da Copa do Brasil)

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Há um movimento pedindo que a decisão seja disputada ainda antes da Copa. Alega-se que as finais serem realizadas somente em julho esfriam o torneio.

Não sou contra e gostaria de ver logo a decisão, porém mais pela ansiedade do que pela racionalidade. Afinal, mesmo que os jogos ocorram somente nas datas marcadas, 19 e 26 de julho, a rivalidade entre os finalistas é tamanha que o clima de decisão se manterá intocável mesmo durante a Copa do Mundo. Não haverá a menor possibilidade de arrefecimento dos torcedores por conta da longa distância entre as datas marcadas e hoje. Além disso, o tempo é ideal para a recuperação de jogadores lesionados (o que interessa mais ao Flamengo neste momento, é verdade) e para a preparação para os jogos decisivos. E, pra terminar, sendo as finais somente em julho, os dois times não inventam história de colocar os jogadores reservas nas partidas restantes do Brasileiro antes da Copa.

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Desde 2000, quando o Vasco conquistou a Taça João Havelange e, vá lá, 2001, quando o Flamengo venceu a Copa dos Campeões, o futebol do Rio não arregimenta um título nacional. Já era hora. Independente do resultado, a vinda da taça da Copa do Brasil ao Rio fará ao Estado um bem danado.

18 de mai. de 2006

O jogo das surpresas

escrito por Raphael Perret @ 00:30 1 comentário(s)


Experiência de Ramon superou a afobação de Lenny


Vasco x Flu foi um jogo do qual a surpresa foi a tônica. Em cinco minutos, acreditei: o Fluminense vai ganhar. O tricolor fez uma blitz na área vascaína, conseguia, aos toques, entrar na área e finalizar, mesmo diante da muralha formada por zagueiros com a cruz de malta no coração. Nenhum time resistiria a tamanho domínio.

Então veio o primeiro contra-ataque do Vasco. E o time ensinou, a qualquer outra equipe brasileira, como organizar um contra-ataque. Dois requisitos são necessários: velocidade e toques rápidos. Ativando esses atributos, o adversário fica desnorteado e, se não ocupa os espaços, recorre às faltas. E falta, em contra-ataque, dificilmente fica imune a cartão, no mínimo, amarelo. Ou seja, explorar um contragolpe é um negócio tremendo, negócio que o Vasco sabe fazer.

Quando um time sabe contra-atacar, ele pode até assumir uma postura defensiva, como fez Renato Gaúcho com os seus comandados. Porque montar uma muralha é fácil. Difícil é transformar a tática em um posicionamento ofensivo. O Vasco mostrou que é possível.

O gol de Valdiram foi uma pintura. Semelhante ao gol de Morais contra a Ponte Preta, na segunda rodada do Brasileiro. Rápidos, os atacantes do Vasco chegaram em pouco tempo à área do Fluminense. Precisos, deslocaram a defesa e encontraram o autor do gol livre, mas tão livre, que ele pôde pensar, trocar a perna e emendar com tranqüilidade no ângulo direito de Fernando Henrique. Apesar dos méritos de posicionamento de Valdiram, o gol foi uma obra coletiva, fruto de exaustivo entrosamento e de uma fabulosa organização. Calcada em dois pilares: velocidade e passes certos.

Depois do golaço, o Fluminense morreu no primeiro tempo. Continuou dominando o jogo, mas sem transmitir qualquer segurança e autoconfiança. Vai dar Vasco.

Mas começou o segundo tempo e, em menso de um minuto, o juiz marcava pênalti pro Fluminense. Petkovic cobra, a bola bate na trave e... entra. Gol do Flu. Era o sopro de força de que o tricolor precisava. Fôlego extra que não foi desperdiçado. O Vasco recuou e ficou acuado. As divididas sobravam pros jogadores do Flu. Escaldado, Oswaldo de Oliveira posicionou melhor a defesa e os contra-ataques vascaínos foram rareando. O Fluminense exibia uma garra espantosa, que só poderia culminar na virada. O gol era questão de tempo.

Entretanto, faltando pouco mais de cinco minutos, Thiago comete um pênalti louco em Ernani, numa bola praticamente perdida, moribunda num tiro de meta. Foi a deixa para a torcida do Vasco gritar feito louca e desanimar os tricolores. A vaga era do Vasco, definitivamente.

Definitivamente? Edílson, que se vangloria de aparecer sempre nos momentos decisivos, cumpria o combinado: perdeu o pênalti, chutando para fora. Mais uma vez, o Fluminense renascia. As circunstâncias pareciam tornar épica a classificação do time das Laranjeiras.

Mas não teve jeito. Nem tempo. E o Fluminense não teve pernas nem cabeça. Afobou-se, fez faltas tolas que castigavam o time com a "cera" do Vasco e entrou no clima de desespero. Nem podia esperar muito de jogadores como Cláudio Pitbull e Evando, enrolados mais com a bola do que com os zagueiros adversários. Coube aos vascaínos apenas manter a calma e aguardar o apito final do seguro árbitro Paulo Cesar de Oliveira.

Vasco na final da Copa do Brasil, pela primeira vez.

(Vasco 1 x 1 Fluminense, Maracanã, Rio de Janeiro, 17/05/2006, segundo jogo das semifinais da Copa do Brasil)

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Deus escreveu que um brasileiro roubaria a cena em Paris, hoje, na final da Liga dos Campeões da Europa. Quem seria, hein, hein? Ronaldinho Gaúcho, claro. E não é que ele dá um passe brilhante para Eto'o, que sofre falta do goleiro do Arsenal, mas, na sobra, Giuly marca o gol, para a comemoração da torc...

Epa! O juiz deu falta, expulsou o infrator e invalidou o gol. Não faz mal. Ronaldinho está pronto para bater o tiro livre direto. Toma distância, bate e... raspa a trave! Quase!

Bem, com um jogador a mais, e sendo ele o melhor do mundo, será fácil para o Barcelona.

Ih, gol do Arsenal. Que bobeira da defesa do time espanhol.

Não faz mal. Vêm aí 45 minutos para Ronaldinho Gaúcho brilhar.

Mas ele mal pega na bola. Que estranho. Nenhum passe em profundidade, chutes errados, pouco brilho...

Ei, gol do Barça! Lançamento fantástico em longa distância, ajeitada de Larsson e golaço de Eto'o! Faz-se justiça.

Ainda falta Ronaldinho. Cadê ele?

Está ali no meio, enquanto a bola, lançada por Larsson, corre até Belleti, que entra na área, chuta cruzado e... gol?

2 a 1? Gol da virada? Faltando cinco minutos? Belleti? O brasileiro Belleti?

Acabou? Barça é bi? E Ronaldinho não jogou bem?

Acontece.

No futuro, muitos se lembrarão do gol de Belleti, mas todos se lembrarão da suma importância que Ronaldinho teve nessa conquista histórica do Barcelona.

Deus escreve certo por linhas tortas.

(Barcelona 2 x 1 Arsenal, Stade de France, Paris, 17/05/2006, finalíssima da Liga dos Campeões da Europa)

16 de mai. de 2006

Nenhuma surpresa

escrito por Raphael Perret @ 23:10 1 comentário(s)


Ronaldinho Gaúcho: capaz de levar o Brasil ao hexa, daqui a dois meses, e o Barcelona ao bi, daqui a dezoito horas


Alguém ficou surpreso com os nomes de Parreira? Novidades em listas de convocação para Copa do Mundo só existem mesmo em função de jogadores contundidos ou em recuperação, porque nenhum treinador é louco de chamar um atleta que poucas vezes ou nunca fora convocado antes. De resto, apenas dúvidas que, uma vez sanadas, apenas matam a curiosidade, mas não despertam nenhum espanto.

No gol, Dida, titular absoluto, Júlio César, soberano na Copa América de 2004 (e aqui faço um mea culpa: neste BlogBola mesmo, escrevi que a convocação do ex-arqueiro do Flamengo era loucura porque ele mal vinha sendo chamado) e Rogério Ceni, uma das "surpresas". Mas era difícil esperar que Parreira chamasse um Marcos que mal se recupera de uma lesão. Pesa contra o palmeirense o fato de já ter brilhado em um Mundial, o que dá uma (nova) chance ao goleiro do São Paulo.

Cafu e Roberto Carlos, intocáveis, têm a sombra de Cicinho e, talvez o maior espanto, Gilberto. O técnico vinha batendo pé com Gustavo Nery, mas o corintiano abusou das más atuações e cedeu lugar ao ex-São Caetano, Vasco etc. Boa aposta, uma vez que Júnior também já disputou e ganhou uma Copa, fazendo até gol.

A zaga vai de Juan, Lúcio, Cris e Luisão. Da minha escalação, o zagueiro do Lyon estaria longe, muito longe. Incompreensíveis os critérios de Parreira para escolher Cris, que já foi convocado para a seleção mesmo quando estava suspenso por 270 dias após agressão na final do Campeonato Mineiro de 2004. Ao menos o botinudo não será titular.

No meio, nenhuma surpresa. Gilberto Silva, Edmílson, Ricardinho, Kaká, Ronaldinho Gaúcho, Zé Roberto, Juninho e Emerson. Os de sempre.

O anúncio dos atacantes dissipou qualquer dúvida sobre quem disputará vagas com Robinho, Ronaldo e Adriano: Fred ganhou uma vaga que, sinceramente, nunca foi disputada com Nilmar, jovem e excelente jogador, mas que nunca teve chance com Parreira e dificilmente a agarraria na véspera da Copa.

Enfim, a convocação foi apenas a conclusão de um trabalho iniciado há três anos e meio, como o próprio treinador definiu. Quem acompanhou os jogos e o desempenho da seleção não foi pego de surpresa em momento algum, e vender qualquer sinal de "revolução" na convocação está querendo enganar.

Eventuais discórdias à parte, o núcleo da seleção ideal está entre os 23 nomes chamados por Parreira. Nenhum jogador imprescindível ficou de fora. Cabe agora ao técnico montar o esquema, avaliar a situação psicológica de cada um, conversar com os líderes, estimular os jovens e treinar, treinar, treinar. Porque queremos ver de novo a taça do mundo erguida por um brasileiro vestindo a camisa da nossa seleção.

***

Amanhã tem Barcelona x Arsenal. Farei um esforço enorme pra ver esse jogo e, espero, mais um título para continuar a consagração eterna de Ronaldinho Gaúcho, que se consolidará, espero, em 9 de julho, em Berlim.

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Amanhã tem Fluminense x Vasco. Jogo eliminatório, clássico carioca, televisão para todo o Brasil. Todas as condições para ser um jogo emocionante e, quiçá, histórico.

14 de mai. de 2006

Titulares x reservas

escrito por Raphael Perret @ 23:20 1 comentário(s)

Hoje o Calazans escreveu o seguinte:

Não faz muito tempo, eram corriqueiras nas páginas esportivas reportagens dando conta de que certo time, melhor dizendo, certos times, ou mesmo muitos times, estavam jogando três vezes por semana tal a quantidade de competições e de compromissos causados por um calendário desumano. Era comum ler a notícia de que o time tal estava jogando quase que dia sim, dia não.

Pois entre tantas coisas que pioraram e ainda pioram no futebol brasileiro, ao menos uma, surpreendentemente, melhorou: o calendário se humanizou. Pode não ser o ideal, mas é melhor. Mesmo clubes envolvidos em mais de uma competição — por exemplo, Campeonato Brasileiro e Taça Libertadores ou Campeonato Brasileiro e Copa do Brasil — não jogam mais do duas vezes por semana. Nenhum de nossos times está jogando mais do que duas vezes por semana. Pois não é que justamente agora, no novo milênio, em 2006, técnicos descobriram que seus jogadores NÃO podem jogar duas vezes por semana? E não estão jogando mesmo. Vasco e Flamengo por causa da Copa do Brasil, São Paulo, por causa da Taça Libertadores, têm desdenhado do Campeonato Brasileiro, nossa mais importante competição, escalando sistematicamente times reservas.

Temos então a pergunta renitente pairando no ar: será que jogadores profissionais de futebol não podem jogar futebol duas vezes por semana? Quem terá descoberto, em pleno século 21, essa impossibilidade? Os técnicos? Os médicos? Os preparadores físicos? Os cientistas? Os próprios jogadores?

(...)

Então acontece que os torcedores, sim, os fiéis torcedores pagam ingresso e vão ao estádio para ver atuar os seus times reservas — porque jogadores profissionais de futebol simplesmente não podem jogar futebol duas vezes por semana. Que bonito!

É lógico que há casos específicos em que se justifica poupar titulares. Uma viagem mais longa de ida e volta entre um jogo e outro. O sacrifício de um confronto na altitude. A parte final de uma temporada... Tudo bem. Mas um jogo em Porto Alegre e outro aqui mesmo no Maracanã, ou um jogo aqui mesmo no Maracanã e outro em Goiânia — este caso, o do Vasco por exemplo, chega a ser risível. E o Flamengo que nem sabe ao certo quais são seus jogadores titulares e quais são os reservas? Talvez por isso escale um time chamado misto, que não é reserva nem titular. Sabe-se lá o que é.

E este é nada menos do que o Campeonato Brasileiro de Futebol.


Eu concordo com a maioria dos argumentos do colunista. Teve uma vez que o Grêmio, dirigido pelo Felipão, jogou três vezes no mesmo dia (!!!!!!), por causa do calendário idiota que misturava três, quatro torneios simultâneos. Aquilo, sim, era uma maluquice.

Com dois jogos por semana, o que justifica poupar jogadores titulares em um campeonato em detrimento do outro?

O atleta pode se machucar? Este argumento revela que as partidas estão cada vez mais vigorosas e, não raro, violentas. Mas o risco existe em qualquer jogo.

Um torneio é mais importante que o outro? Mas o campeonato disputado pelo time misto é o Brasileiro, aquele de pontos corridos, em que uma derrota pode fazer a diferença no título, ou numa vaga para uma competição internacional, ou a manutenção na Série A...

As viagens? Creio que jogar na altitude num dia e no nível do mar três ou quatro dias depois pode influenciar o rendimento da equipe. Mas somente neste caso.

O jogador não está 100% em virtude de uma lesão? Compreensível. Porém, poupar um atleta por cansaço, e no quinto mês do ano, é injustificável. A culpa é da equipe de preparação física.

A única vantagem do "descanso" é a vitrine que os reservas ganham para aparecer e exibir suas virtudes para tentar um lugar na equipe titular. O problema é que os times brasileiros são tão medianos que seus elencos reservas acabam deixando a desejar, o que desmotiva o torcedor.

Prefiro que os técnicos optem sempre pelo time titular. Valoriza as vitórias, atrai a torcida e torna os jogos mais interessantes. Poupar os jogadores parece desculpa para esconder as falhas da preparação física dos atletas.

***

Dois pontos perdidos no Maracanã para o Fortaleza podem fazer muita falta. Não sejamos injustos. O Flamengo lutou, do início ao fim, pela vitória. Dominou o jogo e só foi incomodado de verdade no segundo tempo, quando Maurílio entrou na equipe nordestina e criou boas oportunidades junto com Mazinho Lima. O rubro-negro chutou pouco e, quando chutou, chutou mal.

Walter Minhoca, a maior esperança de criatividade nas jogadas do Flamengo, decepcionou. Lançou Ramírez em um bom toque de calcanhar, passou a errar alguns passes longos e, em vez de continuar tentando, acabou se intimidando e sumiu. Pena. O paraguaio, aliás, está em péssima fase, embora tenha sofrido um pênalti claro não marcado pelo árbitro, que estava a uns cinco metros do ocorrido.

Não me pareceu que o Flamengo jogou "com a cabeça no Ipatinga". Faltou mais calibre na pontaria e, claro, mais acurácia nos passes. Lamentável que o empate tenha acontecido no Maracanã.

Vale lembrar, porém, que Waldemar Lemos escalou o ataque reserva.

(Flamengo 0 x 0 Fortaleza, Maracanã, Rio de Janeiro, 14/05/2006, quinta rodada do Campeonato Brasileiro)

***

Como quem não quer nada, o Cruzeiro alcança o terceiro lugar. Perdeu na estréia, mas depois venceu três seguidas e só não ganhou do Palmeiras porque sofreu um gol em um lance de confusão na pequena área. Senão, a Raposa teria se distanciado do Fluminense, em quarto.

O Flu caiu da segunda pra quarta colocação depois de enfrentar, com o time reserva, o Figueirense e perder.

(Palmeiras 1 x 1 Cruzeiro, Parque Antártica, São Paulo, 14/05/2006, quinta rodada do Campeonato Brasileiro)

(Figueirense 1 x 0 Fluminense, Orlando Scarpelli, Florianópolis, 14/05/2006, quinta rodada do Campeonato Brasileiro)

***

O Vasco também perdeu sua invencibilidade na despedida de Geninho do Goiás. No Serra Dourada, o time cruzmaltino era o reserva.

(Goiás 2 x 0 Vasco, Serra Dourada, Goiânia, 14/05/2006, quinta rodada do Campeonato Brasileiro)

***

Vi o segundo tempo da vitória do Inter sobre o São Paulo. Jogo meio truncado, mas com boas jogadas. Até porque os dois times são bons. E só não entraram com as equipes reservas porque a Libertadores só volta depois da Copa.

Se tanto o bandeirinha quanto o juiz não tivessem visto que o toque para Rafael Sóbis foi do companheiro e não do adversário, a falha não seria tão gritante. No entanto, o auxiliar indicou o impedimento. Só que o juiz resolveu assumir o lance. E, conseqüentemente, o erro.

Melhor para o Inter, vice-líder, empatado em número de pontos com o Santos. Atrapalhado contra o Corinthians em 2005, beneficiado contra Flamengo e São Paulo em 2006. Acontece.

(Internacional 3 x 1 São Paulo, Beira-Rio, Porto Alegre, 14/05/2006, quinta rodada do Campeonato Brasileiro)

***

Algumas curiosidades sobre o campeonato e comparações com o panorama da quinta rodada em 2005 (considerando o resultado dos jogos anulados com o escândalo do Edílson Pereira de Carvalho):

- Já tivemos 50 jogos. Em 28 os mandantes venceram e em 12 perderam. Houve 10 empates. O equilíbrio dos times não se traduz na igualdade dos resultados, mas na irregularidade. Quem joga fora de casa acaba atuando muito na defensiva, favorecendo a vitória do mandante. Bem ou mal, o fator campo ainda prevalece na maioria dos casos. Apertado. Mas já foi mais. No ano passado, em 55 jogos nas cinco primeiras rodadas, apenas em 51% os mandantes haviam vencido.

- A média de gols é de 2,54 por jogo. Pouco. Em 2005, na quinta rodada, a taxa era de 2,8 gols por partida.

- Santos e Inter são os dois invictos do Brasileirão 2006. A essa altura do campeonato, no ano passado, só o Juventude não havia perdido ainda.

- Aliás, o Santos é tão líder hoje quanto o era na quinta rodada de 2005. Ou melhor, é mais líder ainda, já que divide o primeiro lugar "apenas" com o Inter (ano passado, repartia a liderança com Flu e Botafogo) e tem 13 pontos (contra 12 em 2005).

- Os rebaixados, naquela época, seriam, do último (22º) para o 19º, Atlético-PR, Figueirense, Paysandu e Brasiliense. Curiosamente, destes só o lanterna não caiu para a Série B, mas o seu homônimo mineiro, sim. O Atlético Mineiro estava em 17º. Hoje, na mesma ordem, cairiam Palmeiras, Santa Cruz, Grêmio e Paraná. Começar mal não é novidade para Paraná e Palmeiras, que ano passado, na quinta rodada, estavam, respectivamente, em 16º e 18º.

***

Na próxima rodada, teremos grandes clássicos: Vasco x Corinthians, Cruzeiro x Flamengo e Fluminense x Santos. Os três resultados serão diretamente influenciados pelo que ocorrer nas semifinais da Copa do Brasil. Os cariocas podem entrar em campo empolgados ou frustrados. Dificilmente porão os times reservas, já que o mata-mata será paralisado. E o terceiro destes jogos chama a atenção porque envolve o líder e o quarto lugar, na casa deste, equilibrando a disputa.

O Palmeiras terá uma boa chance para conquistar a primeira vitória no Brasileiro, já que recebe o decepcionante Santa Cruz no Palestra Itália. E o Inter pode se aproveitar do jogo duro do Santos para passar-lhe a frente, caso vença o Figueirense em Porto Alegre. Rodada valiosa. Como todas as outras, sempre, no campeonato de pontos corridos.

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Todo mundo já deve ter dado palpite sobre a convocação da Seleção amanhã. Não vou dar o meu, não. Prefiro comentar.

11 de mai. de 2006

Capricho

escrito por Raphael Perret @ 00:17 4 comentário(s)


Vinicius, pouco acionado pelos companheiros do Fla, disputa jogada com Leandro Salino


O gol de Camanducaia aos 45 do segundo tempo foi um capricho. Um azar frustrante para o Flamengo, uma sorte esperançosa para o Ipatinga. O time da casa revelou-se, para quem não o conhecia, um engodo. Jogou mal, ingenuamente, errando muito e assustando pouco. Não justificou a pecha de "sensação da Copa do Brasil", mesmo depois de ter eliminado Botafogo e Santos, os campeões estaduais do Rio e de São Paulo. A equipe carioca teve um comportamento frio, semelhante àquele apresentado semana passada, no Mineirão, diante do Atlético. Mais experiente que o rival, cadenciou o jogo e atacou com mais perigo. Mais uma vez, a defesa rubro-negra se comportou muito bem.

Até o minuto final regulamentar. No desespero típico do fim de partidas em que o resultado lhes é favorável, os zagueiros, todos, resolveram ir pra cima da bola, numa jogada de pelada universitária. O apoiador do Ipatinga achou um espaço livre e, nele, serviu Camanducaia. Era o lance do jogo, que acabou se concretizando no tal capricho: Júnior chegou antes e tentou extirpar a bola da área pela lateral, mas Camanducaia estava no meio do caminho. A bola nele resvalou, encobriu Diego e morreu no fundo do gol.

A marcação rubro-negra foi eficiente, com exceção desse descuido. Faltou ao Flamengo, pra variar, mais precisão nos passes. Quando acerta, o time constrói boas jogadas, como aquela que resultou no gol de Obina. Se aprimorar o fundamento até quinta-feira que vem e mantiver a frieza e competência na defesa, o Flamengo se classifica, uma vez que o Ipatinga, pelo menos o Ipatinga que se apresentou hoje, não expôs a força que lhe valeu a vaga na semifinal da Copa do Brasil.

Porém, lembremos que, em 30 de junho de 2004, o Flamengo decidia, no Maracanã, aquela edição do torneio podendo empatar em 0 a 0, mesmo resultado que dá ao time a vaga na final em 2006. E perdeu.

(Ipatinga 1 x 1 Flamengo, Ipatingão, Ipatinga, 10/05/2006, primeiro jogo das semifinais da Copa do Brasil)

***

Azar do Flamengo, azar do São Paulo. O tricolor paulista perdeu chances incríveis de gol e foi castigado exatamente com uma bola mansa, que ainda tocou em um caído Rogério Ceni antes de entrar. 1 a 0 para o Estudiantes, que joga pelo empate no Morumbi depois da Copa.

Pela grande distância entre um jogo e outro das quartas-de-final da Libertadores, é difícil arriscar um prognóstico, uma vez que os times podem perder ou ganhar jogadores neste longo intervalo ou disputar as partidas em outro contexto capaz de influenciar a cabeça da equipe.

Mas o São Paulo pode ganhar de qualquer time sul-americano no Morumbi por mais de um gol de diferença.

(Estudiantes 1 x 0 São Paulo, Centenário, Quilmes, 10/05/2006, primeiro jogo das quartas-de-final da Taça Libertadores)

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O que significa aquela inscrição "Brasil 2022" nas placas publicitárias dos jogos transmitidos pela TV?

10 de mai. de 2006

Olhos em Quilmes, Quito e Ipatinga

escrito por Raphael Perret @ 00:26 0 comentário(s)

Quarta-feira, mais uma rodada quente na Libertadores e Copa do Brasil, torneios que, ano após ano, vão emocionando os torcedores no primeiro semestre, graças à modalidade mata-mata e porque são decididos no meio do ano.

Em Quilmes, o São Paulo enfrenta o Estudiantes. Os dois times são tricampeões da Libertadores. A tradição desfilará na Argentina, equilibradamente, enquanto a qualidade entrará em campo ao lado do time brasileiro, superior aos portenhos. O Goiás perdeu de 2 a 0 porque se acovardou, atitude que não combina com o São Paulo.

O Internacional, por sua vez, sobe o morro e enfrenta a LDU, em Quito, no Equador. Se os jogadores superarem os tradicionais problemas da altitude - eles chegam quatro horas antes do jogo para minimizar as conseqüências do ar rarefeito - podem conseguir um bom resultado.

Para assustar, lembro que a LDU disputou quatro jogos em Quito. Em dois, venceu por 4 a 0, enquanto, em outro, goleou por 5 a 0.

Mas foi derrotado pelo Vélez Sarsfield, time de melhor campanha da Libertadores em 2006, por 3 a 1.

Retornando dos países vizinhos, temos um interessante confronto pelas semifinais da Copa do Brasil. O Ipatinga, campeão mineiro de 2005, vice de 2006 e que eliminou Botafogo, Náutico e Santos, sem perder uma única partida em toda a sua campanha, recebe o Flamengo, time que melhorou muito depois do pífio Estadual, apresentando uma evolução na marcação e na exploração dos contra-ataques.

É um jogo de prestação de contas de cada equipe com suas torcidas. O Ipatinga quer mesmo se tornar um clube grande? Se chegar à decisão, mesmo depois de ter perdido (ou vendido, como queiram) vários jogadores importantes ao longo do torneio, terá comprovado seu crescimento e ganhará muita exposição. E o Flamengo, ratificará o peso de sua camisa? É uma boa oportunidade de exorcizar o fantasma do Santo André e mostrar que, mesmo sem ser brilhante, o time tem atributos que são capazes de torná-lo, pelo menos, finalista da Copa do Brasil. A conferir.

Na quinta teremos um Fluminense x Vasco que promete: mais da metade dos ingressos já foram vendidos e a imprensa carioca faz boa propaganda do clássico. Não à toa. O tricolor tem um elenco melhor e mais entrosado, está em segundo no Brasileiro, não perde há 14 partidas e brinda a torcida com um bela revelação, Lenny. Em compensação, o Vasco também mostrou amadurecimento desde a saída de Romário e está invicto há 11 jogos, mesmo tendo colocado em campo muitos jogadores reservas nas últimas partidas do Brasileiro. Embora a máxima "em clássico não há favorito" seja um superclichê, ela nunca foi tão pertinente aplicada ao jogo de amanhã.

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Leio no site da Placar que Marcelinho "tem a missão de erguer o Corinthians". Que aposta da diretoria, hein? Mesmo identificado com a torcida, um jogador que se mostrou decadente nas suas mais recentes aparições (incluindo a última participação no rebaixado Brasiliense), problemático e há muito tempo sem jogar é o salvador da pátria corintiana, apesar de o próprio admitir que tal alcunha não lhe cabe.

Se der certo, será sorte. Se der errado, será natural. E uma prova de que os tais "profissionais" do futebol do Parque São Jorge estão simplesmente perdidos.

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O presidente do Barcelona informa: tal qual na última temporada, o time não usará patrocinador em seu uniforme no próximo ano futebolístico.

Sim, eu disse Barcelona. O campeão espanhol, possível campeão europeu, clube do melhor jogador do mundo.

8 de mai. de 2006

Promoção faz bem

escrito por Raphael Perret @ 17:46 8 comentário(s)

A Torcer Faz Bem é uma sensacional promoção da Nestlé. O torcedor troca um exemplar de um produto da empresa suíça por um ingresso em jogos no Campeonato Brasileiro (o item varia de acordo com a cidade; no Rio, é uma lata de farinha láctea; em São Paulo, são três pacotes de biscoitos, e por aí vai). Sábado passado, 36 mil tricolores foram ao estádio torcer pelo time, contra o Paraná. Jogo de maior público, até agora, no Brasileiro. E a promoção vai se repetir no próximo domingo, às 18:10, para Flamengo x Fortaleza. A arrecadação é destinada a entidades beneficentes.

Mais do que a possibilidade de comprar o ingresso por um preço baixo, a grande vantagem da promoção é a facilidade na compra da entrada, que não fica mais restrita ao estádio e a outros poucos lugares. A iniciativa atrai o torcedor, enche os estádios e ajuda a quem precisa. Excelente.

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Não pude assistir a nenhum jogo neste fim de semana, infelizmente. Vou comentando os acontecimentos ao longo da semana. Que será agitada, sobretudo no Rio de Janeiro. Aguardemos!

5 de mai. de 2006

Rio na final da Copa do Brasil

escrito por Raphael Perret @ 13:15 2 comentário(s)

Vasco e Flu se enfrentaram nas oitavas-de-final da Copa do Brasil de 2000. Primeiro jogo, Maracanã, 1 a 1. Segundo jogo, São Januário, 2 a 2. Pela tradicional regra do torneio, deu Flu.

O uso de São Januário em clássicos cariocas na Copa do Brasil não seria novidade em 2006. E serviria para determinar bem quem é o dono da casa. Se os dois jogos forem no Maracanã, os fatores campo e torcida não farão diferença e será injusta, caso o critério do gol fora de casa seja usado (ou seja, se cada time vencer uma partida ou se houver dois empates).

Vem muita confusão por aí. Só espero que a decisão seja tomada com a devida antecedência.

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A torcida do Corinthians tem os elementos mais animalizados, patéticos, idiotas, infantis e acéfalos que já vi. É o único grupo que arma selvagerias de larga escala quando seu time perde. E em jogos de uma torcida só. Ontem, não foi o primeiro nem único caso. O que aconteceu é motivo suficiente para a suspensão do clube e interdição do Pacaembu.

Embora seja uma burrice completa, uma briga entre duas torcidas ainda é compreensível. Invasão de campo para chiar uma derrota num jogo de futebol é uma atitude totalmente debilóide.

(Corinthians 1 x 3 River Plate, Pacaembu, São Paulo, 04/05/2006, segundo jogo das oitavas-de-final da Taça Libertadores)

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O Goiás salta fora da Libertadores e abre caminhos para que Geninho deixe o Planalto Central. Para o Corinthians, Palmeiras ou Flamengo?

4 de mai. de 2006

Locais definidos... ou não

escrito por Raphael Perret @ 16:11 2 comentário(s)

Quarta-feira que vem, o Ipatinga recebe o Flamengo em casa e visita o Rio de Janeiro no dia 17. Melhor pros mineiros. Na segunda fase e nas oitavas, o time do Vale do Aço foi o mandante no primeiro jogo, meteu três gols no Botafogo e no Náutico e dificultou as coisas pros adversários, que acabaram perdendo por 3 a 1 tanto o clube carioca, no Maracanã, quanto o pernambucano, no estádio dos Aflitos. Já o Flamengo começou como mandante seus confrontos desde as oitavas-de-final, goleando nas duas oportunidades (Guarani e Atlético-MG), o que dificilmente ocorrerá semana que vem. É verdade que na segunda fase venceu o ABC por 1 a 0 em Natal e por 4 a 0 no Rio, mas o time potiguar era muito inferior. O Ipatinga revelou-se arrasador quando faz o primeiro jogo em casa. Mas ontem, diante do Santos, quando precisava buscar o resultado para evitar os pênaltis, não foi tão eficiente. Ou seja, se a classificação do Flamengo já percorreria um caminho espinhoso, com o sorteio da CBF as dificuldades só aumentaram.

***

Do outro lado da tabela, o Fluminense começa o primeiro jogo como mandante, portanto enfrenta Vasco ou Volta Redonda no Maracanã. A segunda partida, por sua vez, será no Raulino de Oliveira, estádio do Voltaço, ou... no Maracanã, segundo a CBF, caso o Vasco supere o time do interior logo mais. Ou seja, prenúncio de mais uma confusão jurídico-administrativa. Mas, primeiro, vamos ver o que acontece em São Januário hoje, às 20h30min.

Sinal?

escrito por Raphael Perret @ 14:34 0 comentário(s)

Leio no blog do Panorama Esportivo que o presidente do Vasco teve o carro rebocado por licenciamento irregular na Praia do... Flamengo.

Hihihihi...

Boa defesa, ataque nulo

escrito por Raphael Perret @ 01:08 0 comentário(s)

Resultado mais provável do que o zero a zero com que nos brindaram Atlético Mineiro e Flamengo, impossível. O time mineiro entrou em campo precisando fazer três gols para se classificar para as semifinais da Copa do Brasil. Logo, entrou em campo nervoso. Dominou territorialmente, mas não conseguia sobrepor a defesa do Flamengo, que teve excelente atuação, sobretudo com Ronaldo Angelim e Léo. Quando teve a chance e já tinha vencido zagueiros e goleiro, Marinho cabeceou para fora. Estava claro que o Galo se entregava.

Se o ataque do Atlético não passava da linha da grande área, o do Flamengo era praticamente nulo. Só assustava quando o meio-de-campo se aproximava e, em bloco, o time oferecia algum perigo ao gol de Bruno. Os passes continuam saindo muito descalibrados e as seguidas chances de contra-ataque morriam ainda na intermediária do Atlético. Falta ao Flamengo um ataque mais entrosado, já que Obina e Vinicius bateram cabeça, e pelo menos um meio-campo que seja mais criativo. Os apoiadores atuais somente dão pro gasto.

Taticamente, o Flamengo se impôs e jogou com tranqüilidade. Despachou o Atlético Mineiro sem ter que correr muito. Para as fases seguintes, o time preocupa pela dificuldade em engrenar, do início ao fim, um contra-ataque minimamente perigoso.

(Atlético-MG 0 x 0 Flamengo, Mineirão, Belo Horizonte, 03/05/2006, segundo jogo das quartas-de-final da Copa do Brasil)

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Cinqüenta mil pessoas no Mineirão. Eu avisei. Antes do primeiro jogo, mesmo sem saber a ordem das partidas.

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Se o Atlético reclama da atuação do juiz na primeira partida, é a vez do Flamengo se queixar. Três impedimentos foram mal marcados e, por causa disso, um gol legítimo de Vinicius foi anulado. Uma prova de que erros sempre acontecem, sem que haja a intenção de se prejudicar deliberadamente um time.

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Waldemar pode ir preparando uma nova dupla de ataque para treinar. A cotovelada mal-sucedida de Obina no goleiro Bruno, flagrada pelas câmeras de TV, deve render ao atacante um bom gancho. Merece. Quando é que o jogador vai aprender que o cerco está cada vez mais fechado às agressões, com as inúmeras lentes que filmam os jogos?

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Como todos os jogos foram realizados no mesmo horário, não pude assistir totalmente às classificações de Fluminense, Ipatinga, São Paulo e Internacional. Pitacos rápidos:

1) Pelo que ouvi no rádio, o Cruzeiro jogou melhor e o Fluminense só venceu porque o time mineiro teve que se expor mais do segundo tempo em diante. Normal: a obrigação de vencer era do time de PC Gusmão. Lenny não sobressaiu, porque os adversários já começam a ver nele um atacante perigoso e passam a marcá-lo com afinco. Mais assustador é a fase de Petkovic. O sérvio não tem jogado bem, perdeu um pênalti da forma mais bisonha (chutando por cima do travessão) e, no lance do gol, furou o chute. Sorte que o Flu não perde há 13 jogos, comprovando que tem um time de qualidade e não depende exclusivamente dos dias felizes de Petkovic.

2) Somente Cléber errou o seu pênalti na disputa entre Ipatinga e Santos. Não acho que tenha cobrado mal, o goleiro Rodrigo Poço é que teve seus méritos. E o time de Minas mantém a recente tradição da Copa do Brasil abençoar clubes "pequenos". A classificação do Ipatinga nos fornece uma curiosidade: a final da Copa do Brasil poderá ser, pela primeira vez, ou entre dois times de um mesmo Estado (o Rio, no caso) ou, pela terceira vez consecutiva, entre um clube do interior e um clube do Rio.

3) O empate em 1 a 1 com o São Paulo era tudo do que o Palmeiras precisava. Perdia por 1 a 0 e o resultado que se formou com a certeira cabeçada de Washington enchia o palmeirense de esperança e, por todas as recentes circunstâncias, parecia ser a melhor maneira de o Verdão se classificar. Porém, como era de se esperar, em clássico decisivo ou acontece confusão ou acontece emoção. Ou ambos, até. Ainda mais se apitado por Wilson de Souza Mendonça, o mestre da medicina que no domingo impediu que Romeu, do Fluminense, atuasse com uma máscara permitida pela Fifa. Um pênalti polêmico (para mim, houve), com direito a repetição (muito justa) da cobrança por causa de paradinha e, depois, uma falta dentro da área graças a um recuo de bola para o goleiro (muito bem marcado, apesar do locutor da Sportv achar o contrário, argumentando estranhamente que, como Rogério Ceni trouxe a bola de um lado para o outro, não se configuraria o recuo). Ainda teve expulsão depois do apito final. No fim das contas, São Paulo classificado, conforme o esperado.

4) Depois que virou um jogo em Montevidéu, o Inter não precisava fazer mais nada em casa. Não fez: ficou no 0 a 0 e passou às quartas da Libertadores.

(Fluminense 1 x 0 Cruzeiro, Maracanã, Rio de Janeiro, 03/05/2006, segundo jogo das quartas-de-final da Copa do Brasil)

(Ipatinga 1 x 1 Santos, 5 x 3 nos pênaltis, Ipatingão, Ipatinga, 03/05/2006, segundo jogo das quartas-de-final da Copa do Brasil)

(São Paulo 2 x 1 Palmeiras, Morumbi, São Paulo, 03/05/2006, segundo jogo das oitavas-de-final da Taça Libertadores)

(Internacional 0 x 0 Nacional-URU, Beira-Rio, Porto Alegre, 03/05/2006, segundo jogo das oitavas-de-final da Taça Libertadores)

3 de mai. de 2006

Copa sem Maracanã

escrito por Raphael Perret @ 10:32 2 comentário(s)

Poucas afirmações são tão indiscutíveis como a de que a Copa de 2014, caso se realize no Brasil, perderá muito a graça se não tiver Maracanã. É óbvio. O estádio tem valor histórico, simbólico, cultural, social, esportivo, tem todos os valores que tornam um Mundial totalmente insípido sem o Maior do Mundo. Ou ex-Maior do Mundo, como queiram.

O Maracanã não tem condições de sediar um jogo de Copa do Mundo? Mas faltam 8 anos para o Mundial. Mesmo que se imploda o estádio e o governo reconstrua um novo, dá tempo. É compreensível que, após seguidas reformas e poucas melhorias realmente perceptíveis, os dirigentes da CBF não acreditem mais numa adequação do Maracanã às normas da Fifa. Porém, com uma fiscalização mais eficiente, tudo se resolve.

Em resumo: um pouco mais de boa vontade facilitará MUITO as coisas. Não se fala em jeitinho brasileiro, em burlar regras, nem nada. Só boa vontade.

2 de mai. de 2006

Quem quer aparecer mais?

escrito por Raphael Perret @ 00:34 2 comentário(s)


Romeu, do Flu, disputa bola com Ramon, correndo risco de piorar fratura no nariz graças ao árbitro


Não bastasse o vereador que pediu a mudança do jogo, aceita pelo Ministério Público, mais personagens quiseram aparecer mais que os jogadores no Vasco x Flu de domingo. Primeiro, aquele de sempre, o presidente do Vasco, Eurico Miranda. Apesar de ter razão, meteu os pés pelas mãos ao determinar a entrada do time reserva. Para preservar os titulares que disputam vaga na semifinal da Copa do Brasil diante do Volta Redonda? Hum... O Vasco já foi maior do que isso. Não cola.

Depois de Eurico, veio o juiz, Wilson de Souza Mendonça. Ele proibiu que Romeu, atleta do Fluminense, jogasse com a manjadíssima máscara protetora no rosto, que o jogador usava para evitar uma piora na fratura no nariz. Ainda que a máscara já tenha sido aprovada pela Fifa, o árbitro impediu o uso do artefato, alegando que ela põe em risco a integridade dos jogadores. Com uma autoridade que sobrepujou, inclusive, a orientação da Fifa.

Apesar de tudo e de todos, Fluminense e Vasco fizeram um bom jogo. Amarrado no início e que foi se soltando aos poucos. O time reserva cruzmaltino segurou o ímpeto do tricolor e arrancou um bom empate.

(Vasco 1 x 1 Fluminense, Maracanã, Rio de Janeiro, 30/04/2006, 3ª rodada do Campeonato Brasileiro)

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Aliás, essa história de poupar jogadores é muito recente. Lembro que os times, antes, disputavam dois ou três torneios ao mesmo tempo e raramente davam esse luxo aos atletas, com exceção de casos especiais (como, por exemplo, quando havia longas viagens ou o intervalo entre as partidas era muito curto, o que não acontece agora).

A questão é controversa. Teoricamente, se o time titular disputa todos os jogos, tem mais chances de vencer. Contudo, a tendência é que o preparo físico vá diminuindo e, portanto, a equipe entra em campo em desvantagem diante do adversário. Sobretudo no futebol de hoje, no qual a força e a resistência são itens fundamentais para a vitória.

Mas e o torcedor? Times reservas não atraem o cidadão ao estádio. E o Campeonato Brasileiro? No sistema de pontos corridos, abrir mão deles pode significar abrir mão do título.

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Sobre o Flamengo, solto aqui um dado revelado pela transmissão da Globo. Aos 30, 35 do segundo tempo, o time carioca tinha feito 32 passes errados, enquanto o Inter entregou a bola ao adversário somente 9 vezes. Fica fácil, portanto, entender o porquê do resultado.

Mas o erro do árbitro Elvécio Zequetto foi determinante. Ele expulsou Obina injustamente, e num momento em que o Flamengo pressionava. Mesmo assim, o rubro-negro, com 10 a menos, lutou até o fim, principalmente depois que o habilidoso Valter Minhoca entrou em campo, mas esbarrou na muralha colorada, de forte, leal e competente marcação. Depois, tendo que correr mais por causa da expulsão, o Flamengo cansou e cedeu espaço ao Inter, que não aumentou graças à boa atuação de Diego.

Uma derrota, mas que não foi humilhante, já que o Flamengo atuou com garra e honradez.

E um resultado que comprova que não se escala Fernando, autor da falta que originou o gol do Inter, impunemente.

(Internacional 1 x 0 Flamengo, Beira-Rio, Porto Alegre, 30/04/2006, 3ª rodada do Campeonato Brasileiro)

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O time do Flamengo é limitado. E, dentro de suas limitações, tem se apresentado bem, com raça e sempre tentando a vitória. Foi assim que conseguiu bons resultados no Maracanã e fez apresentações razoáveis fora do Rio. No ritmo que está, pode conseguir uma colocação sem riscos no final do campeonato.

Mas a pergunta que não quer calar é: onde estava o representante do clube na reunião que aprovou a tabela do Brasileirão? O time já enfrentou São Paulo e Internacional e, até a 10ª rodada, a última antes da Copa do Mundo, pega Botafogo (um clássico), Cruzeiro, Santos, Fluminense, Palmeiras e Corinthians. Com essa seqüência de pedreiras e uma eventual série de maus resultados, será preciso muita garra e honradez para sustentar uma excelente recuperação.

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Quando tá feia a coisa, a sorte tira férias. O Palmeiras vencia por 1 a 0 o clássico contra o Santos, quando, de repente, a bola entra no gol do Verdão depois de bater, sem querer, nas costas de Paulo Baier.

E, no finzinho, Reinaldo, já desequilibrado, toca fraquinho, fraquinho, na saída de Sérgio. A bola bate caprichosamente na perna do goleiro, sobe muitos metros, ganha magicamente uma aceleração totalmente injustificada e um efeito milagroso, e recai quicando, mansamente, no fundo do gol do Palmeiras.

Se eu fosse o técnico, escalava o time pra jogar na retranca contra o São Paulo. É jogo decisivo, vale o primeiro semestre e não é de bom tom correr grandes riscos.

(Palmeiras 1 x 2 Santos, Parque Antártica, São Paulo, 30/04/2006, 3ª rodada do Campeonato Brasileiro)

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A média de gols do Brasileiro aumentou neste fim de semana. Na rodada, foi de 3,3 por jogo. Ao todo, é de 2,57. Ainda é baixa.

E a terceira rodada foi a grande prova do equilíbrio da competição. O Atlético-PR, que perdeu as duas primeiras, meteu 4 a 0 no Botafogo no Maracanã. E o Paraná, que sequer havia marcado um golzinho, fez cinco na vitória de 5 a 2 sobre o Grêmio, no Pinheirão. Sem falar no Figueirense, vindo de um 6 a 1 imposto sobre o Palmeiras, que perdeu em casa por 2 a 0 para o Cruzeiro.

Na rodada do fim de semana que vem, chamam a atenção, claro, os clássicos locais Corinthians x São Paulo, duelo de candidatos ao título, e Flamengo x Botafogo, times cariocas que vêm de derrotas. O Palmeiras se recuperará diante do São Caetano, no ABC? E o Inter, manterá a boa fase jogando contra um ressurgido Atlético-PR, na incendiária Arena da Baixada?

Perguntas que ganham contornos mais emocionantes principalmente se forem feitas às vésperas dos jogos, quando o clima de todos eles estará influenciado pelo resultado das quartas-de-final da Copa do Brasil e das oitavas da Libertadores.