BlogBola

Tentando dar alguma razão à emoção do futebol

28 de mai. de 2006

Reflexo perfeito da superioridade

escrito por Raphael Perret @ 22:02


Tuta e Lenny comemoram o gol que deu a liderança ao Fluminense


O Fluminense é o melhor time do Rio no campeonato. É "apenas" o líder. O Flamengo, por sua vez, é o pior carioca na competição. Pra variar, hospeda-se na zona de rebaixamento, já na oitava rodada. O Fla-Flu de hoje foi uma amostra honesta da diferença de qualidade das duas equipes: não é grande, mas é evidente.

O tricolor marcou seu gol logo no início do jogo. Petkovic bateu falta pela ponta-esquerda, a bola passou por toda a defesa do Flamengo e Tuta se abaixa (isso, ele não sobe: se abaixa) para cabecear, meio torto, no cantinho. Depois disso, tivemos um bom primeiro tempo. O Fla não se acomodou, partiu pra cima, imprensou o Fluminense mas não teve competência para furar o bloqueio tricolor. E, quando o suplantava, o ataque morria nas mãos (ou nos pés, como em duas vezes) de Fernando Henrique. É claro. Não se escala Diego Silva, adepto do cai-cai em vez de tentar lutar pela bola, e Juan, péssimo, lateral que não sabe cruzar nem tocar.

No segundo tempo, o panorama não mudou. Até que Tuta é expulso pelo segundo cartão amarelo, depois de duas faltas duras. O técnico Ney Franco colocou Vinicius e Peralta, alterações que tiveram algum êxito e resultaram em boas chegadas do Flamengo. Em compensação, através de Juliano e Radamés, Oswaldo de Oliveira botou o Fluminense pra correr e os contra-ataques deram trabalho à zaga rubro-negra.

O trabalho das defesas apontou, para cada lado, a competência e a inabilidade. Embora o Flamengo tivesse mais volume de jogo, seus ataques, na sua maioria, revelaram-se inócuos diante de uma defesa sólida. Por outro lado, os contragolpes tricolores revelavam muito mais perigo para a atabalhoada zaga do Flamengo, que se salvava porque os jovens atacantes Lenny e Juliano se mostraram afobados, problema que a seqüência de jogos resolverá.

O 1 a 0 foi um placar justo. Refletiu a leve superioridade de um time, com frieza suficiente para marcar apenas um gol e se manter firme, sobre o outro, incapaz de se impor mesmo com um jogador a mais (fato recorrente no caso do Flamengo).

(Fluminense 1 x 0 Flamengo, Maracanã, Rio de Janeiro, 28/05/2006, oitava rodada do Campeonato Brasileiro)

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A demissão de Waldemar Lemos foi uma cretinice da diretoria. Fosse a categoria de treinadores dominada por uma atmosfera realmente ética, Ney Franco jamais aceitaria o convite do Flamengo. Mas, já que aceitou, vale dar-lhe um crédito. Pelo pouco que viu do Flamengo, já barrou Obina, Fernando e Júnior, estes dois últimos "crias" da Gávea. No lugar deles, deu chance aos contratados do Ipatinga, clube em que os dirigiu. Se tem um mínimo de conhecimento de futebol, é natural que fizesse isso. Portanto, é injusto que Raul Quadros, comentarista do Premiére Esportes, diga que Waldemar tenha sido demitido porque aproveitou os jogadores formados no Flamengo em detrimento dos contratados de Kléber Leite - e isso é verdade - e, com isso, insinue que esta é a melhor forma de operar, uma vez que o Fluminense utiliza a tática e está na liderança do campeonato.

Ocorre que a prata das Laranjeiras está mais pra ouro, enquanto a prata da Gávea está mais pra lata. Júnior e Fernando são jogadores fracos, e Ney Franco, ao retirá-los do time titular, não faz nada de errado. Além disso, o técnico lançou o grandalhão Goeber, que à primeira vista assusta pelo tamanho, mas logo surpreende pelo inesperado talento e alguma competência com a bola nos pés. Maior que a dos ex-titulares, diga-se de passagem.

Essa história de que tem de se aproveitar a "prata da casa" é papo pra boi dormir. Nem sempre uma safra de jogadores formados no clube é boa. As últimas que o Flamengo tem revelado estão longe disso. Demonstram o fruto de um paternalismo exagerado e uma arrogância que nem os craques da seleção têm.

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No fim do primeiro tempo, após cobrança de escanteio, Renato subiu sozinho e cabeceou no ângulo. Um belo gol, invalidado pelo auxiliar porque, segundo ele, em sua visão ímpar, compartilhada somente com ele mesmo, a bola saiu de campo ao voar até a cabeça do jogador do Flamengo.

Geladeira nele.

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O primeiro tempo de São Paulo x Vasco foi um ramerrame só. Um jogo amarradinho, amarradinho, que não sei como teve um gol, marcado por Alex Dias, que matou a saudade de fazer a rede balançar em São Januário. Fora isso, toque pra cá, toque pra lá, objetividade zero.

Depois do intervalo as coisas mudaram. Os vascaínos perceberam que outra derrota no Rio de Janeiro, a terceira seguida, não ia ser legal. Foram pra cima e Ygor fez o gol de empate, após escanteio, num lance totalmente inusitado: primeiro, porque ele nem saiu do chão pra cabecear no canto esquerdo de Bosco; segundo, porque pela primeira vez, numa cobrança de córner, o time atacante tem mais jogadores na área do que a equipe que defende.

O São Paulo, que parecia cada vez mais sonolento, acordou com o alarme tocado no gol do Vasco. Muricy colocou Lúcio e Leandro e o tricolor paulista começou a dar as cartas. O cenário, então, era este: o São Paulo atacava e pressionava, com chances reais de gols, enquanto o Vasco saía em contra-ataques perigosos. O detalhe é que o jogo era em São Januário e, no fim das contas, o empate, para os paulistas, era bem melhor resultado do que para os cariocas, que só puderam comemorar a saída da zona perigosa e a inclusão do Flamengo nela.

(Vasco 1 x 1 São Paulo, São Januário, Rio de Janeiro, 28/05/2006, oitava rodada do Campeonato Brasileiro)

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47 minutos do segundo tempo, zero a zero, oitava rodada do campeonato e o time da casa, até então, só havia perdido diante de sua torcida. Eis que surge um jogador da equipe mandante em impedimento, após lance confuso na área, e marca o gol da vitória, para o delírio da galera, dos jogadores, do técnico, de todos ali, menos de quem representava o adversário. Sério: qual juiz ou bandeirinha vai anular o gol?

(Atlético-PR 1 x 0 Juventude, Arena da Baixada, Curitiba, 27/05/2006, oitava rodada do Campeonato Brasileiro)

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O pênalti marcado pelo juiz de Santos x Corinthians e que, ainda bem, não resultou em gol, foi uma das coisas mais grotescas deste campeonato, talvez do ano. Rodrigo Tiuí errou o chute, o marcador Betão sequer encosta no atacante e ainda ouso dizer que Tiuí caiu por pura incongruência com a bola naquele momento. Sua momentânea inabilidade foi premiada com o pênalti, cujo desfecho foi a defesa de Silvio Luiz.

Silvio Luiz que falhou, a meu ver, nos dois gols do Santos. Não está em boa fase o goleiro corintiano. E goleiro em má fase significa, obrigatoriamente, má fase para o time.

(Santos 2 x 0 Corinthians, Vila Belmiro, Santos, 28/05/2006, oitava rodada do Campeonato Brasileiro)

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Viva o Brasileirão e sua tabela mágica, que proporciona grandes jogos a qualquer rodada.

Quarta-feira um duelo tricolor de arrepiar, valendo a liderança: São Paulo x Fluminense, no Morumbi. Vale a liderança porque, mesmo com a diferença de três pontos, caso o time paulista vença por qualquer placar, ultrapassa a equipe carioca no saldo de gols.

Ao mesmo tempo, o Maracanã recebe Flamengo e Palmeiras, dois times na zona da degola. O primeiro não vence há quatro partidas no campeonato, enquanto o visitante perdeu em casa para o Grêmio. É jogo de desespero.

De olho no duelo do Morumbi, o Cruzeiro recebe o Atlético-PR, time em crise de identidade, cuja maioria dos pontos foi conquistada longe da torcida. O Internacional vai a São Caetano e o Santos duela, na quinta-feira, com o Grêmio no Olímpico. Nos três jogos, os vice-líderes são favoritos. É muito provável que a ponta da tabela sofra modificações ao fim da próxima rodada.

6 Comentários:

Em 17:30, Blogger Wagner falou...

Depois de um período de inatividade voltei a atualizar o meu blog. Conto com vossa visita.

Um abraço

Wagner Gomes
http://cyresinc.blogspot.com/

 
Em 23:18, Blogger André Monnerat falou...

Se o Flamengo tivesse jogado exatamente como o Fluminense jogou e vice-versa, você diria que a vitória teria sido a mostra da clara superioridade rubro-negra, ou falaria que o "Flamengo achou um gol e se segurou como pôde o resto do tempo - só empatando graças à ajuda da arbitragem"?

Sei que o Flamengo é tido por todos como pior que o Fluminense e não sem razão. Mas o fato é que, nesse Fla-Flu, o Fluminense NÃO se mostrou melhor. Não mesmo.

 
Em 23:32, Blogger Raphael Perret falou...

André, o Fluminense fez um gol, enquanto o Flamengo não fez nenhum (noves fora o anulado).

O Flamengo atacou bastante, mas criou poucas chances de perigo real. Parte porque o ataque rubro-negro é inócuo, parte porque a defesa tricolor atuou seguramente - e isso é um mérito.

Mesmo depois da tola expulsão do Tuta, o Fluminense criou tantas chances quanto o Flamengo: poucas, é verdade, mas foram poucas.

Por isso que digo que o 1 a 0 foi uma boa amostra da superioridade do Fluminense. Ela existe, mas é pequena. Pelo menos o foi no jogo de domingo.

E, enfim, não sei o que eu escreveria se o Flamengo tivesse vencido por 1 a 0. Dependeria do andamento da partida. Infelizmente, não sou adivinho.

 
Em 23:32, Blogger Raphael Perret falou...

André, o Fluminense fez um gol, enquanto o Flamengo não fez nenhum (noves fora o anulado).

O Flamengo atacou bastante, mas criou poucas chances de perigo real. Parte porque o ataque rubro-negro é inócuo, parte porque a defesa tricolor atuou seguramente - e isso é um mérito.

Mesmo depois da tola expulsão do Tuta, o Fluminense criou tantas chances quanto o Flamengo: poucas, é verdade, mas foram poucas.

Por isso que digo que o 1 a 0 foi uma boa amostra da superioridade do Fluminense. Ela existe, mas é pequena. Pelo menos o foi no jogo de domingo.

E, enfim, não sei o que eu escreveria se o Flamengo tivesse vencido por 1 a 0. Dependeria do andamento da partida. Infelizmente, não sou adivinho.

 
Em 23:33, Blogger Raphael Perret falou...

André, o Fluminense fez um gol, enquanto o Flamengo não fez nenhum (noves fora o anulado).

O Flamengo atacou bastante, mas criou poucas chances de perigo real. Parte porque o ataque rubro-negro é inócuo, parte porque a defesa tricolor atuou seguramente - e isso é um mérito.

Mesmo depois da tola expulsão do Tuta, o Fluminense criou tantas chances quanto o Flamengo: poucas, é verdade, mas foram poucas.

Por isso que digo que o 1 a 0 foi uma boa amostra da superioridade do Fluminense. Ela existe, mas é pequena. Pelo menos o foi no jogo de domingo.

E, enfim, não sei o que eu escreveria se o Flamengo tivesse vencido por 1 a 0. Dependeria do andamento da partida. Infelizmente, não sou adivinho.

 
Em 10:13, Blogger André Monnerat falou...

Enfim: eu discordo. O Fluminense não se mostrou nada melhor, mesmo. E o Fluminense fez um gol, de bola parada; o Flamengo também. Noves fora o anulado é bobagem se o que a gente está discutindo é a produção de cada time. A diferença ficou só na arbitragem.

 

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