BlogBola

Tentando dar alguma razão à emoção do futebol

28 de jun. de 2008

O novo Vasco

escrito por Raphael Perret @ 09:28 1 comentário(s)

Eurico Miranda é presidente do Vasco desde 2001. De lá pra cá, o clube conseguiu um título estadual (2003), dois vices do campeonato do Rio (2001 e 2004) e um vice da Copa do Brasil (2006). Para um clube da grandeza do Vasco, que conta com uma das cinco maiores torcidas do país, e que dominou o futebol brasileiro no final dos anos 90, é muito pouco.

É de estranhar que os vascaínos o reconduzissem duas vezes ao cargo com um histórico tão vazio de conquistas e repleto de confusões. A Justiça, porém, comprovou as falhas nas eleições de dois anos atrás e, enfim, a nação cruzmaltina ontem elegeu o seu novo presidente. Não sabemos como o clube reagirá no campo. Mas novos ares de democracia - com a qual o Vasco é tão identificado! - e modernidade parecem soprar sobre São Januário.

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26 de jun. de 2008

No fim, o silêncio

escrito por Raphael Perret @ 00:24 2 comentário(s)

LDU 4 x 2 Fluminense, Casa Blanca (Quito), primeiro jogo da final da Libertadores 2008, 25/06/2008


Os primeiros minutos já anunciavam o terror que seria a noite de hoje para os tricolores. Lembram-se dos dois grandes fatores que levaram o Fluminense à final da Libertadores? Um era o poder de decisão de alguns jogadores, outro era a sorte. Ambos não estavam em Quito.

O primeiro gol da LDU sai antes do segundo minuto se completar. Numa falha de Thiago Silva, que deixou Bieler se antecipar. Ora, uma falha do excelente Thiago Silva só pode significar que a sorte não acompanhava o Fluminense.

Minutos depois, Washington, tão importante contra São Paulo e Boca Juniors, perdeu um gol na cara de Cevallos, chutando em cima do goleiro. Chance que não se desperdiça numa final de Libertadores. O jogador passou a dar munição a quem o classificava como sem poder de decisão. E provou ao longo da partida, ao ter uma atuação nula.

Mas, como nos outros jogos do torneio,o Fluminense passou a atacar mais depois de ficar em desvantagem (isso, sim, que é emoção). E conseguiu o empate, aos 11, pra variar, de falta, muito bem batida por Conca.

A igualdade foi providencial. A torcida, até então animada, se calou. A LDU passou a errar mais. Jogadores levavam bola nas costas, perdiam a jogada sozinhos... Só que o Fluminense não teve coragem de partir pra cima. E, pior, Ygor, Arouca e Junior Cesar erraram mais do que os equatorianos. E nem sempre a LDU falhava. Quando acertava, chegava na cara do gol.

Aos 26, Luiz Alberto cometeu, acredite, a primeira falta do time brasileiro. Falta fatal: no rebote da cobrança, Guerrón acerta belo chute no canto esquerdo de Fernando Henrique.

Mantendo a tradição, o Fluminense tentou chegar junto. Entretanto, o posicionamento do time era inacreditável. A linha de volantes e zagueiros não saía de sua intermediária, enquanto os meias e os atacantes ficavam muito à frente. Criou-se um vazio tricolor no meio-de-campo, facilmente dominado pela LDU. A ligação entre defesa e ataque era dificílima. Os laterais ficaram presos. Desta forma, era impossível armar uma jogada decente. Era melhor se o time todo estivesse recuado, inclusive o ataque: pelo menos a ligação seria mais fácil e "bastaria" usar a velocidade.

Com essa dificuldade, a bola não saía do campo do Fluminense. E entrou no gol do time mais duas vezes, em duas cobranças de escanteio, com Campos (33 min) e Urrutia (45 min). Apesar das limitações da LDU, a timidez e a imprecisão do Fluminense passavam a tornar o placar justo.

Veio o segundo tempo, sem modificações de Renato Gaúcho. A menos que houvesse problemas de preparo físico, concordei. O maior problema era o posicionamento. Se este fosse corrigido, talvez diminuísse a taxa de erros individuais.

E foi o que aconteceu. Os espaços na configuração tática do Flu diminuíram e o time, de alguma forma, se ajeitou. E achou um golzinho logo aos 6 minutos, com Thiago Neves, de cabeça, uma raridade.

Os volantes, mais à frente, facilitaram a saída de bola. A mudança tática fez com que o meio-campo se equilibrasse e os meias, Cícero, Conca e Thiago Neves, achassem mais espaço para trabalhar e criar jogadas. Mas ainda faltava objetividade, até porque a LDU recuou e marcava bem.

Aos poucos, o gás foi acabando. A LDU chegou mais perto, em faltas laterais e, principalmente, nos escanteios, que se mostraram uma arma poderosíssima do time do Equador, como nunca vi sendo aplicada por nenhuma outra equipe.

Faltando 10 minutos, tirando uma bola na trave de Fernando Henrique, os dois times demonstravam satisfação com o 4 a 2. Para a LDU, a vantagem é muito boa. Para o Flu, a desvantagem é possível de se reverter, nem que seja para levar o jogo para os pênaltis.

A maior prova de que tudo pode acontecer no Maracanã se deu na reação dos torcedores, aqui perto de casa, ao fim do jogo. Durante os gols da LDU, os anti-Flu vibravam. Quando o Tricolor marcou seus gols, seus torcedores urravam. No apito final, porém, ouviu-se o silêncio: ninguém teve coragem de celebrar o resultado.

Afinal, está apenas começando o intervalo de um jogo de 180 minutos.

***

Um dos maiores obstáculos para a vitória do Fluminense no Maracanã estará em campo, mas não é nenhum jogador da LDU. O árbitro Hector Baldassi, na última vez que esteve no estádio, aprontou pra cima do Flamengo, na última partida do time na Libertadores de 2007, quando derrotou o Defensor do Uruguai por 2 a 0 e ficou a um gol de levar o jogo aos pênaltis. Olho nele.

***

Em oito vezes, o time mandante venceu a primeira partida da final da Libertadores por dois gols de diferença.

Apenas em uma, em 1987, o visitante conseguiu ser o campeão. E, mesmo assim, venceu por um gol de diferença o jogo de volta e, porque até aquele ano o saldo de gols não era critério de desempate, conquistou o título com vitória em um terceiro jogo, disputado em campo neutro.

Apenas em uma, em 1989, o visitante conseguiu ser o campeão. Em 1987, também aconteceu, mas com outras regras: o visitante venceu por um gol de diferença o jogo de volta e, como até aquele ano o saldo de gols não era critério de desempate, conquistou o título com vitória em um terceiro jogo, disputado em campo neutro.

Enfim, um tabu. Mas o que é um tabu para o Fluminense, que eliminou o São Paulo, tarefa historicamente difícil para uma equipe brasileira, e despachou o Boca Juniors, feito inédito para um time do Brasil depois de 35 anos?

Confira as oito situações (em negrito, os campeões):

1966 – Peñarol 2 x 0 River Plate, River Plate 3 x 2 Peñarol e Peñarol 4 x 2 River Plate
1979 – Olímpia 2 x 0 Boca Juniors e Boca Juniors 0 x 0 Olimpia
1987 – América de Cáli 2 x 0 Peñarol, Peñarol 2 x 1 América de Cáli e Peñarol 1 x 0 América de Cáli
1989 – Olimpia 2 x 0 Atlético Nacional e Atlético Nacional 2 x 0 Olimpia (5 x 4 nos pênaltis)
1990 – Olimpia 2 x 0 Barcelona-EQU e Barcelona-EQU 1 x 1 Olimpia
1995 – Grêmio 3 x 1 Atlético Nacional e Atlético Nacional 1 x 1 Grêmio
1998 – Vasco 2 x 0 Barcelona-EQU e Barcelona-EQU 1 x 2 Vasco
2003 – Boca Juniors 2 x 0 Santos e Santos 1 x 3 Boca Juniors


***

Um amigo meu disse que a interrupção da Libertadores, há duas semanas, foram nocivas ao Fluminense. "O time perdeu o embalo", disse ele. A atuação do time, sobretudo no primeiro tempo, dava razão ao meu amigo. Não houve corpo mole, mas faltou vibração, a mesma que comandou o time nos jogos recentes no Maracanã e, pelo menos, contra o Boca, na Argentina. Ter realizado o primeiro jogo no Equador, longe da torcida, agravou o problema.

Mas a derrota de hoje pode ser o combustível para inflamar os torcedores e empurrar o time pra cima da LDU, na quarta-feira que vem, em busca dos três gols.

O embalo já está de volta.

Será que a tempo?

(Atualizado em 26/06/2008, 16:43)

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24 de jun. de 2008

Ingressos esgotados. Você, tricolor, está com o seu?

escrito por Raphael Perret @ 22:18 1 comentário(s)

Foto de Celso Pupo, publicada no blog Fim de Jogo
Foto de Celso Pupo, publicada no blog Fim de Jogo

Na imprensa esportiva carioca, as notícias de maior destaque, na última semana, foram a fraca campanha do Brasil nas Eliminatórias, as eleições no Vasco e a confusão na compra de ingressos para a finalíssima da Libertadores, entre Fluminense e LDU, do Equador, no Maracanã, no dia 2 de julho. As cenas de desordem na fila e policiais atacando torcedores estão se tornando, infelizmente, corriqueiras, sem que providências sejam tomadas pra valer.

Venda de ingressos para jogos de grande apelo, sobretudo no Maracanã, trazem sempre desnecessárias pitadas de emoção. Motivos sobram para explicar a baderna: falta de inteligência dos dirigentes, logística idiota, policiais despreparados, leniência com cambistas e outras barbaridades. As engrenagens que movimentam o esquema de comércio de ingressos são tão conexas que tentar desvinculá-las é uma tarefa ingrata, árdua e longa. Enquanto já é possível comprar ingressos pela internet para filmes, peças, shows e jogos de futebol em qualquer lugar da Europa, por aqui é inimaginável poder adquirir bilhetes por qualquer meio que não seja na boca do caixa, em três ou quatro postos de venda diferentes, mal localizados.

(Veja algumas notícias sobre a confusão: o relato de um repórter-torcedor do Fluminense, o informe do blog Fim de Jogo e um vídeo numa matéria do GloboEsporte.com)

A estrutura clandestina leva os ingressos rapidamente ao esgotamento. Os responsáveis anunciam o fim das vendas como se fosse fim de expediente. Em conversas informais, descubro que ninguém que tenha tentado comprar suas entradas conseguiu. Mas como? Eu conheço muitos tricolores. Vários amigos meus também têm contato com torcedores do Fluminense. Apaixonada e ansiosa por ver seu time prestes a conquistar o maior título de sua história, a maioria da galera pó-de-arroz, sem dúvida, correria atrás de entradas para o jogo.

Assim, através do meu e-mail, procurei algumas pessoas e perguntei-lhes se conheciam alguém que tentou comprar ingressos no sábado com êxito. Minha modesta sondagem revelou que 16 pessoas tentaram comprar. Destas:

- 4 compraram com cambista
- 2 compraram porque um deles "era amigo de algum 'influente' do clube"
- 4 não conseguiram, além de "uma galera que ficou na fila e só conseguiu entrar na porrada"
- 1, sócio, comprou três arquibancadas, depois de cinco horas na fila nas Laranjeiras
- 1 está conseguindo "com alguém que conseguiu de alguma outra maneira e vai pagar o dobro"
- 4 conseguiram na fila de idosos, ou porque alguém foi junto, ou porque o próprio era o idoso (destes, 2 tinham tentado comprar na fila normal)

Resumindo:

- 1 conseguiu comprar após 5 horas na fila
- 7 conseguiram comprar, mas não foi na bilheteria
- 4 conseguiram comprar, usando a fila de idosos
- 4 não conseguiram comprar

Ou seja, a diretoria do Fluminense põe 69 mil ingressos à venda, tudo se esgota em uma manhã e somente uma em 16 pessoas sondadas conseguiu comprar ingresso normalmente. Segundo esta proporção, era necessário que houvesse mais de 1 milhão de pessoas na cidade querendo seus bilhetes. Acredite: a proporção pode ser maior, pois não incluí as pessoas com quem já havia conversado, antes de enviar o e-mail. E tem mais: das 16 que responderam, sete compraram com cambistas. Mas como os cambistas conseguem ingressos, se a venda era limitada a duas entradas por pessoa? Pelas contas do torcedor Pedro Lucas de Vasconcellos, em nota publicada pelo Juca Kfouri, as bilheterias precisavam atender duas pessoas por segundo. Uma fantástica rapidez que não correspondia à velocidade com que a fila andava.

Somente estas informações já seriam suficientes para iniciar, ainda que timidamente, uma investigaçãozinha, uma perguntinha à diretoria do clube, uma indagação à polícia militar, um questionamento à Suderj. Mas a vista grossa das autoridades e dirigentes é vergonhosa. Falta claramente vontade política para resolver o problema. Sabemos que, quando os poderosos botam mesmo a mão na massa, os resultados aparecem e até estranhamos quando parecemos viver numa sociedade civilizada. Com a omissão generalizada, estamos perto mesmo é da barbárie.

Quero ver na Copa de 2014 (hahahaha!). Lembra do Pan? Então.

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18 de jun. de 2008

Medíocre

escrito por Raphael Perret @ 23:53 1 comentário(s)

Brasil 0 x 0 Argentina, Mineirão, sexta rodada das eliminatórias para a Copa do Mundo de 2010, 18/06/2008


Não vou chover no molhado e criticar a atuação do Brasil no jogo de hoje. Me espantou que a mediocridade da partida também tem 50% de culpa portenha. A Argentina jogou igual ao Brasil: amarrada, errando passes, fazendo faltas e sem levar perigo nenhum ao gol de Júlio Cesar. Somente Messi mostrou algum talento e foi o melhor em campo. Se tivesse mais um pingo de objetividade, poderia ter sido o herói da Argentina. Quando chutou a gol - aos 46 do segundo tempo - quase calou o Mineirão.

Brasil e Argentina fizeram um jogo fraquíssimo, longe, muito longe do que a expectativa que história das duas seleções criou. Acredito que ambas se classificam para o Mundial. Porém, nesta toada, será a duras penas e com muita, mas muita emoção. E sabe-se lá o que nos espera na África do Sul em 2010.

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13 de jun. de 2008

Brasileirão e Eliminatórias

escrito por Raphael Perret @ 12:55 0 comentário(s)

Fala sério, torcedor do Flamengo, do São Paulo, do Internacional, do Botafogo, do Figueirense, do Sport, do Goiás, do Grêmio, do Coritiba, do Vitória, da Portuguesa, do Atlético-PR, do Náutico ou do Vasco: vocês estão ansiosos pra ver o seu time em ação no Brasileiro, neste sábado, ou o Brasil, diante do Paraguai, pelas eliminatórias, no domingo?

Enquanto os jogadores forem vendidos cada vez mais cedo e a seleção fizer amistosos caça-níqueis, expondo sua valiosíssima marca, a paixão pelo time do Brasil só se esvai.

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9 de jun. de 2008

Pela seriedade nas reclamações contra as arbitragens

escrito por Raphael Perret @ 12:40 0 comentário(s)

Ontem acabou a quinta rodada do Brasileiro, ainda faltam 340 jogos e profetas apocalípticos revelam as conspirações, tramóias e complôs que, curiosamente, afetam apenas seus times, com motivações obscuras e que nem mesmo os perseguidos sabem explicar.

A falta que originou o gol do Cruzeiro, na vitória sobre o Vasco, acendeu a ira dos cruzmaltinos, que falam em protestos na porta da CBF e "denunciam" uma tabela arquitetada pró-Flamengo. Como se o Vasco nunca tivesse se beneficiado de uma seqüência de jogos favorável. Quando teve dezenas de pênaltis a favor no Estadual, ninguém de São Januário se queixou.

Este foi apenas um exemplo: a cada rodada, todo time, mesmo que tenha vencido de 10 a 0 o adversário, reclama da arbitragem, afirma que os roubos são evidentes e mascara seus defeitos atrás das falhas dos juízes.

Tenho uma opinião tranqüila sobre arbitragem: ela pode influenciar um jogo, mas não é o fator determinante de um placar. O apito de um pênalti, a anulação de um gol, a marcação de um impedimento, de várias formas o juiz pode atrair holofotes e tornar-se o personagem central de um jogo. Porém, será ele capaz de ser o responsável pelo resultado final? Será que o time prejudicado criou apenas a oportunidade em que sofreu a má interpretação do árbitro? Será que o juiz falhou em todos os lances que poderiam originar ou evitar um gol?

Além disso, as arbitragens são mesmo fracas. Vemos juízes despreparados fisicamente, que se intimidam com a torcida do time anfitrião e se acovardam diante de jogadores destemperados. Os erros acontecem para todos os times, e é claro que um sofrerá mais com isso. Se existisse complô, haveria contra 100% das agremiações, e ganharia quem pagasse mais.

A solução para as arbitragens ruins do futebol brasileiro passa por renovação e treinamento. O profissionalismo é uma bandeira antiga, mas que ninguém quer assumir (quem vai bancar?). Por enquanto, resta cobrar. Sim, cobrar dos árbitros, apontar mesmo os erros e falhas. Entretanto, sem chororô ou complexo de inferioridade. Senão, as reclamações, justas, viram galhofa e folclore.

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4 de jun. de 2008

Troféu com tinta tricolor

escrito por Raphael Perret @ 23:54 2 comentário(s)

Fluminense 3 x 1 Boca Juniors, Maracanã, segundo jogo da semifinal da Libertadores 2008, 04/06/2008


Quando Cícero começou a pedalar antes dos cinco do primeiro tempo, pensei: "Hummmmm, isso não vai dar certo". E não deu. O Boca Juniors dominou os 45 minutos iniciais e parte da segunda etapa, até fazer o primeiro gol com Palermo.

O Flu jogava mal, sem articular nada, e com um meio-campo entregue à marcação argentina. Até que apareceram os dois personagens que conduziram o Fluminense à decisão da Libertadores.

1) O jogador decisivo. Washington carregava a pecha de bom finalizador e artilheiro, porém omisso nas decisões. Foi assim com o Atlético-PR no Brasileiro de 2004, foi assim no próprio Flu nas semifinais dos turnos do Estadual. Porém, na Libertadores, mostrou estrela, força, coragem e... poder de decisão. Marcou dois gols contra o São Paulo e um golaço de falta contra o Boca, pouco depois do tricolor sofrer o gol. Dodô, também acusado de fugir da hora H, deixou sua marca importantíssima na quarta-de-final e na semifinal. O Fluminense prova que contratou certo para o ataque.

2) Sorte. Ou você acha que, sem ela, aquela bola metida por Conca e desviada por Ibarra entraria no gol? Ou você acha que, desprezando a sorte, o Fluminense empataria (tanto em Avellaneda quanto no Rio) logo depois de sofrer os gols do Boca? Ter sorte, no futebol, não é demérito nenhum. É um privilégio. É muito bom o time ter habilidade, competência... e sorte.

Enfim, 2 a 1 para o time brasileiro. Mas um gol argentino levaria a decisão pros pênaltis. Impressionante esse Boca Juniors: o time não se afoba, não corre e continua jogando como se a partida tivesse acabado de começar. Foi assim que chegou diversas vezes perto do empate, mesmo diante de uma poderosa retranca tricolor. E foi assim que o Boca Juniors consagrou Fernando Henrique e transformou-o, nesta noite, em um dos melhores goleiros do Brasil. Atuação soberba.

O tempo passou, o Boca não fez seu gol e, enfim, começou a se desesperar. Nisso, o Flu se aproveitou e fez 3 a 1, assim como poderia ter feito outros em seguidas bobagens da defesa boquense.

A atuação tricolor não foi magnífica. Mas a rapidez do time em reverter a vantagem, a sorte, sempre presente, a resistência feroz às investidas do Boca Juniors e a sensacional festa da torcida tornaram o jogo de hoje inesquecível.

Agora, o Flu aguarda o dia 25 de junho pra desafiar a LDU na grande final da Libertadores de 2008, em Quito. Exatamente onde tudo começou.

***

Melhor campanha, melhor defesa, maior goleada (e melhor atuação, indiscutivelmente), classificações épicas sobre monstros sul-americanos como São Paulo e Boca Juniors, final no Maracanã...

Vamos falar sério? Essa Libertadores está muito branca, verde e grená.

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3 de jun. de 2008

Uma verdade sobre Cuca

escrito por Raphael Perret @ 16:38 0 comentário(s)

Cuca é um bom técnico. Fez do Botafogo um time envolvente, mas que pecava nos momentos decisivos pelo desequilíbrio psicológico. Com jogadores medianos, fez equipes competitivas.

Mas uma afirmação sobre o técnico tem sido feita sem que ela seja verdadeira.

Alguns cronistas dizem que Cuca "fez o Botafogo voltar a ser grande", "recolocou o clube na rota dos títulos" e coisas do tipo.

Só que o último título do Botafogo foi conquistado há dois anos: o Estadual de 2006, pelo time comandado por Carlos Roberto. Somente alguns meses depois, Cuca assumiria o alvinegro carioca. E não ganhou nada, a não ser duas Taças Rio.

Ah, mas Estadual não vale? Ok.

Peguemos as últimas participações do Botafogo na Copa do Brasil. Os argumentos pró-Cuca até se sustentam:

2004: eliminado na segunda fase
2005: eliminado na segunda fase
2006: eliminado na segunda fase
2007: eliminado na semifinal (com Cuca)
2008: eliminado na semifinal (com Cuca)


Vejamos, agora, as colocações do Botafogo no Campeonato Brasileiro depois que voltou à Série A, em 2004:

2004: 20° lugar
2005: 9° lugar
2006: 12° lugar (com Cuca)
2007: 9° lugar (com Cuca)

Portanto, embora Cuca tenha mostrado sua capacidade em montar bons times a partir de elencos medianos, é um exagero dizer que ele foi muito importante para a "transformação" do Botafogo de "nada" em "alguma coisa", como já ouvi e li por aí. Primeiro, porque o desempenho do técnico à frente do time não é tão superior ao de seus antecessores (e nem entro no mérito de títulos). E, em última análise, porque a afirmação é desrespeitosa, pois o Botafogo sempre foi grande e continua sendo.

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