BlogBola

Tentando dar alguma razão à emoção do futebol

18 de mai. de 2006

O jogo das surpresas

escrito por Raphael Perret @ 00:30


Experiência de Ramon superou a afobação de Lenny


Vasco x Flu foi um jogo do qual a surpresa foi a tônica. Em cinco minutos, acreditei: o Fluminense vai ganhar. O tricolor fez uma blitz na área vascaína, conseguia, aos toques, entrar na área e finalizar, mesmo diante da muralha formada por zagueiros com a cruz de malta no coração. Nenhum time resistiria a tamanho domínio.

Então veio o primeiro contra-ataque do Vasco. E o time ensinou, a qualquer outra equipe brasileira, como organizar um contra-ataque. Dois requisitos são necessários: velocidade e toques rápidos. Ativando esses atributos, o adversário fica desnorteado e, se não ocupa os espaços, recorre às faltas. E falta, em contra-ataque, dificilmente fica imune a cartão, no mínimo, amarelo. Ou seja, explorar um contragolpe é um negócio tremendo, negócio que o Vasco sabe fazer.

Quando um time sabe contra-atacar, ele pode até assumir uma postura defensiva, como fez Renato Gaúcho com os seus comandados. Porque montar uma muralha é fácil. Difícil é transformar a tática em um posicionamento ofensivo. O Vasco mostrou que é possível.

O gol de Valdiram foi uma pintura. Semelhante ao gol de Morais contra a Ponte Preta, na segunda rodada do Brasileiro. Rápidos, os atacantes do Vasco chegaram em pouco tempo à área do Fluminense. Precisos, deslocaram a defesa e encontraram o autor do gol livre, mas tão livre, que ele pôde pensar, trocar a perna e emendar com tranqüilidade no ângulo direito de Fernando Henrique. Apesar dos méritos de posicionamento de Valdiram, o gol foi uma obra coletiva, fruto de exaustivo entrosamento e de uma fabulosa organização. Calcada em dois pilares: velocidade e passes certos.

Depois do golaço, o Fluminense morreu no primeiro tempo. Continuou dominando o jogo, mas sem transmitir qualquer segurança e autoconfiança. Vai dar Vasco.

Mas começou o segundo tempo e, em menso de um minuto, o juiz marcava pênalti pro Fluminense. Petkovic cobra, a bola bate na trave e... entra. Gol do Flu. Era o sopro de força de que o tricolor precisava. Fôlego extra que não foi desperdiçado. O Vasco recuou e ficou acuado. As divididas sobravam pros jogadores do Flu. Escaldado, Oswaldo de Oliveira posicionou melhor a defesa e os contra-ataques vascaínos foram rareando. O Fluminense exibia uma garra espantosa, que só poderia culminar na virada. O gol era questão de tempo.

Entretanto, faltando pouco mais de cinco minutos, Thiago comete um pênalti louco em Ernani, numa bola praticamente perdida, moribunda num tiro de meta. Foi a deixa para a torcida do Vasco gritar feito louca e desanimar os tricolores. A vaga era do Vasco, definitivamente.

Definitivamente? Edílson, que se vangloria de aparecer sempre nos momentos decisivos, cumpria o combinado: perdeu o pênalti, chutando para fora. Mais uma vez, o Fluminense renascia. As circunstâncias pareciam tornar épica a classificação do time das Laranjeiras.

Mas não teve jeito. Nem tempo. E o Fluminense não teve pernas nem cabeça. Afobou-se, fez faltas tolas que castigavam o time com a "cera" do Vasco e entrou no clima de desespero. Nem podia esperar muito de jogadores como Cláudio Pitbull e Evando, enrolados mais com a bola do que com os zagueiros adversários. Coube aos vascaínos apenas manter a calma e aguardar o apito final do seguro árbitro Paulo Cesar de Oliveira.

Vasco na final da Copa do Brasil, pela primeira vez.

(Vasco 1 x 1 Fluminense, Maracanã, Rio de Janeiro, 17/05/2006, segundo jogo das semifinais da Copa do Brasil)

***

Deus escreveu que um brasileiro roubaria a cena em Paris, hoje, na final da Liga dos Campeões da Europa. Quem seria, hein, hein? Ronaldinho Gaúcho, claro. E não é que ele dá um passe brilhante para Eto'o, que sofre falta do goleiro do Arsenal, mas, na sobra, Giuly marca o gol, para a comemoração da torc...

Epa! O juiz deu falta, expulsou o infrator e invalidou o gol. Não faz mal. Ronaldinho está pronto para bater o tiro livre direto. Toma distância, bate e... raspa a trave! Quase!

Bem, com um jogador a mais, e sendo ele o melhor do mundo, será fácil para o Barcelona.

Ih, gol do Arsenal. Que bobeira da defesa do time espanhol.

Não faz mal. Vêm aí 45 minutos para Ronaldinho Gaúcho brilhar.

Mas ele mal pega na bola. Que estranho. Nenhum passe em profundidade, chutes errados, pouco brilho...

Ei, gol do Barça! Lançamento fantástico em longa distância, ajeitada de Larsson e golaço de Eto'o! Faz-se justiça.

Ainda falta Ronaldinho. Cadê ele?

Está ali no meio, enquanto a bola, lançada por Larsson, corre até Belleti, que entra na área, chuta cruzado e... gol?

2 a 1? Gol da virada? Faltando cinco minutos? Belleti? O brasileiro Belleti?

Acabou? Barça é bi? E Ronaldinho não jogou bem?

Acontece.

No futuro, muitos se lembrarão do gol de Belleti, mas todos se lembrarão da suma importância que Ronaldinho teve nessa conquista histórica do Barcelona.

Deus escreve certo por linhas tortas.

(Barcelona 2 x 1 Arsenal, Stade de France, Paris, 17/05/2006, finalíssima da Liga dos Campeões da Europa)

1 Comentários:

Em 16:18, Anonymous Anônimo falou...

Brilhante a resenha sobre o Vasco e Flu! Parabéns..
Concordo até com o "seguro" PC, mas não competente. E acabou prejudicando o Vasco, pois adotou critérios diferentes para a mesma jogada. No começo da partida, a bola bateu na mão de um zagueiro do Flu, acho que o Tiago. Nada. Pensei: bom, tomara que ele mantenha o critério... Pois não é que num lance tecnicamente idêntico ele marca penal contra o Vasco?
Para justificar isso, recordo o Vasco X Grêmio do Brasileiro. O árbitro deu penal num mão involuntária de um zagueiro do vasco dentro da área. Pensei: ..vc já sabe. Pois no fim do jogo, ataque do grêmio, o zagueiro do vasco corta a bola, que bate involuntariamente na mão do argentino avançado gremista, que marca! Mas o árbitro, criticado pelo pênalti, manteve o critério. Foi perfeito, pois se as avaliações são subjetivas, o árbitro deve ao menos seguir o mesmo critério. Regra básica.
Ou o PC achou que o Wagner diniz, de costas, quiz tocar a mão em uma bola que veio de um chute torto, repicado no chão?
Abraços a parabéns de novo..

 

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