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Tentando dar alguma razão à emoção do futebol

4 de jun. de 2006

Timão longe de ser equipe

escrito por Raphael Perret @ 23:08


O bom atacante Nilmar lamenta mais uma de suas chances perdidas: o Corinthians afunda


O técnico rubro-negro, Ney Franco, afirmou: "vamos buscar os pontos fora de casa". Pelo menos o time do Flamengo atuou de forma coerente com a declaração do treinador. O primeiro tempo foi equilibrado e tanto Flamengo quanto o Corinthians chegaram perto do gol, mas não concluíram bem. Veio o segundo tempo e, numa boa jogada pela esquerda, o rubro-negro fez 1 a 0 com Peralta. O Corinthians passou a ter mais volume, atacou incessantemente, mandou duas bolas na trave, mas sempre de forma desorganizada. Só não teve muito perigo porque o Flamengo não tem o menor cacoete para contra-ataque: os jogadores são pesados, erram muitos passes e, quando acertam, são para trás. Ainda assim, Obina acertou um belo chute de fora da área e fechou o placar.

Não que a defesa do Flamengo tenha tido uma atuação segura: fez uma apresentação séria, rechaçando a bola sempre que ela aparecia. E o Corinthians sofre os reflexos de contratações malucas e de uma direção rachada e perdida. Sobra para Geninho e para os jogadores, esforçados que só eles, porém incapazes de dar qualquer sentido à palavra "equipe".

(Corinthians 0 x 2 Flamengo, Morumbi, São Paulo, 04/06/2006, décima rodada do Campeonato Brasileiro)

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Nem sempre um zero a zero significa um jogo ruim ou com poucas chances. Santos e Botafogo não fizeram gol - válido, porque o juiz anulou um legítimo do time paulista - mas criaram oportunidades. Não muito no primeiro tempo, quando os dois times chegaram bastante à área adversária e falhavam no último toque, na finalização, sem assustar os goleiros. Entretanto, na segunda etapa, Santos e Botafogo aprimoraram os passes e, aí sim, deram trabalho a Lopes e Fábio Costa, respectivamente. Os técnicos tiveram seus méritos, ao fazer substituições e modificações no esquema tático de suas equipes. Principalmente Luxemburgo, que pôs Rodrigo Tiuí, autor de três conclusões perigosas para o Santos e do gol invalidado. Ruim para o Santos, que alcançaria o quarto lugar, bom para o Botafogo, que abandonou a zona do rebaixamento.

(Santos 0 x 0 Botafogo, Vila Belmiro, Santos, 04/06/2006, décima rodada do Campeonato Brasileiro)

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Goleiros costumam ser privilegiados em disputas de bola no alto. Raramente um juiz deixa de marcar falta a favor da defesa quando há um choque entre o guarda-metas e um atacante, mesmo que ele seja casual.

Acontece que, em Caxias do Sul, a falta sobre o goleiro Bosco chegou a ser grotesca. Ele foi deslocado pelo braço do lateral Lino, que subiu como se fosse um pássaro de asas abertas, e não pôde alcançar a bola que caía do alto. Não há o que questionar na regra sobre o que é falta no goleiro. Falta é falta, e aquilo foi falta. Pra compensar, o árbitro inventou um pênalti sobre Danilo que rendeu ao São Paulo o empate na Serra Gaúcha e a perda da liderança para o Cruzeiro.

(Juventude 1 x 1 São Paulo, Alfredo Jaconi, Caxias do Sul, 04/06/2006, décima rodada do Campeonato Brasileiro)

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Esta "intertemporada" será uma freada de arrumação dos times. Quem estiver machucado poderá se recuperar, poderá haver transferências de jogadores e todos treinarão muito.

O Flamengo viverá uma situação inusitada. Seu time titular no Brasileiro não disputará as finais da Copa do Brasil, porque vários de seus jogadores já participaram do torneio. Antes da decisão, porém, a equipe enfrentará, pelo Brasileiro, o Paraná e, curiosamente, seu adversário na Copa do Brasil, o Vasco da Gama. Se poupar, nesses dois jogos, o time para as finais - o que acho um absurdo, já que os jogadores virão de um mês sem entrar em campo e não podem decidir um título sem ritmo de jogo - poderá dar entrosamento aos titulares que não disputam a Copa do Brasil. Caso Ney Franco prefira pôr em campo o time que brigará pelo título, terá que rearrumar tudo para a volta dos titulares após a Copa do Brasil. Esta situação não acontece com o Vasco, o que dará mais tranqüilidade a Renato Gaúcho.

Já o São Paulo ganhará um bom número de dias para pôr ordem nos eixos. Não que esteja em momento ruim no Brasileiro. Apenas teve menos tempo para treinar desde o ano passado, em função do Mundial de Clubes. Muricy poderá dar um descanso aos jogadores e pô-los revigorados quando julho chegar, momento em que disputará, ao mesmo tempo, a liderança do campeonato nacional e a vaga nas semifinais da Libertadores, contra o Estudiantes. Por situação semelhante passa o Internacional, que também luta por ascensão nos dois torneios.

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Curiosidades rápidas do Brasileirão.

- 10 rodadas, 100 jogos. Em 50, ou seja, na metade exata, os mandantes venceram. Houve 26 vitórias dos visitantes e 24 empates. O fator "casa" ainda é importante, mas não atemoriza mais os clubes. Duas hipóteses para este panorama: o equilíbrio dos times e a necessidade crescente da vitória. Os mandantes fizeram 154 gols e sofreram 107.

- 261 gols, média de 2,61 gols por partida. Na quinta rodada (curiosidades dela aqui), ela era de 2,54. Subiu. Esperemos que continue com esta inclinação. A rodada com melhor média de gols foi a sétima, 3,8 por jogo. Nela, em seis partidas foram marcados quatro ou mais gols.

- O Cruzeiro é líder e um dos times mais eficientes. Tem o melhor ataque (20 gols), o melhor saldo de gols (+12), foi o que mais venceu (6 vitórias, igual a Flu, Inter e São Paulo) e o que menos perdeu (apenas uma vez, tal qual o Internacional).

- Já o Santa Cruz e o Palmeiras dividem as piores estatísticas. Os pernambucanos têm o pior ataque (6 gols) e compõem o único time que não venceu no campeonato. O Verdão é a pior defesa (24 gols), quem mais perdeu (8 vezes) e tem o pior saldo de gols (-15).

- Entre os mandantes (incluindo a ordem estabelecida nos clássicos), o São Paulo tem 100% de aproveitamento, com cinco vitórias em cinco jogos. Além dele, estão invictos em casa o Cruzeiro (melhor ataque em casa, 13 gols), Santos e Flamengo. Têm os piores aproveitamentos diante de sua torcida Santa Cruz (3 pontos), Corinthians (3 pontos), Palmeiras (4) e Vasco e Atlético-PR (6 pontos cada).

- O Internacional é o visitante que mais dá trabalho. É o único invicto quando joga fora de casa e conquistou 11 pontos nessa condição. É seguido pelo Cruzeiro e Figueirense (8 pontos cada) e por um pelotão de seis times com 7 pontos. Santa Cruz e Palmeiras perderam todas que disputaram fora de casa, enquanto o São Caetano arrancou um ponto e o Fortaleza, dois. Curiosamente, o tricolor cearense, junto com o Botafogo, foram os times que menos sofreram gols como visitantes: três, cada um.

Agora, comparações com o Brasileiro de 2005.

- Até a décima rodada do campeonato do ano passado (110 jogos, incluindo aqueles anulados pelo STJD apitados por Edílson Pereira de Carvalho, já que, até aquele momento, os resultados eram válidos), a média de gols era de 2,78, contra os 2,61 deste ano.

- A líder era a Ponte Preta, que terminou o campeonato em décimo-oitavo lugar, ou seja, o último clube a ficar na Série A. Atrás dela estavam Fluminense (que ficou em quinto), Internacional (segundo) e Botafogo (nono). O campeão de 2005, Corinthians, estava em oitavo. Voltando a 2006, lideram o campeonato Cruzeiro, Inter, São Paulo e Fluminense. Em oitavo está o Figueirense.

- Na décima rodada, estavam entre os rebaixados, do 19º ao 22º, Flamengo, Vasco, Atlético-MG e Atlético-PR. Destes, somente o time mineiro caiu para a Série B, acompanhado por Paysandu (que estava em 17º), Brasiliense (14º) e Coritiba (7º).

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Pronto. Agora é Copa!

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