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Tentando dar alguma razão à emoção do futebol

25 de jun. de 2006

Segundas oitavas

escrito por Raphael Perret @ 20:06

Inglaterra 1 x 0 Equador

O problema dos jogos mata-mata em Copa do Mundo é que os times entram com muito medo. Então, as partidas ficam truncadas, até chatas, mesmo. As defesas ficam plantadas, o meio-campo não avança e o ataque se isola. Se o gol não sai rápido, as equipes pouco ousam. E vai ficando assim até um lance mais sortudo definir a partida.

Aconteceu assim no jogo entre Inglaterra e Equador. Os britânicos arriscavam os lançamentos para Wayne Rooney e sequer usavam sua grande arma, que é o chute de longa distância. Os sul-americanos entraram com o objetivo evidente de ficar atrás e emplacar um contra-ataque. Embora tenha mandado até bola na trave, o Equador não assustou muito. A Inglaterra teve o domínio do jogo, tocou mais a bola e conseguiu seu golzinho numa falta bem cobrada por Beckham. Depois, foi segurar com tranqüilidade e comemorar a passagem às quartas. Parabéns, de qualquer forma, ao Equador, que valorizou a vitória dos ingleses.

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A cara de criança enfezada de Wayne Rooney com as marcações do juiz que não lhe favoreciam reforça a imagem de mimado do jogador, surgida quando atirou longe as chuteiras ao ser substituído na partida contra a Suécia. Descontada a recuperação delicada após uma fratura no pé, o queridinho dos ingleses ainda não mostrou muito serviço. Só potencial. O meio-campo está jogando muito mais do que o ataque, que já perdeu um Michael Owen anuladíssimo nas partidas por ele disputadas.

Portugal 1 x 0 Holanda

Mais dramática que Argentina x México e mais violenta e confusa do que qualquer outra do Mundial, esta partida é perfeita para criar uma rivalidade entre as duas seleções européias. Muitas faltas, quatro expulsões, cartões amarelos a torto e direito, trocas de "gentilezas" e até o abandono do espírito esportivo, que rendeu à Holanda vaias permanentes por parte dos portugueses e de qualquer outro torcedor que se manteve neutro até uns 30 do segundo tempo, quando os holandeses se recusaram a devolver uma bola que era de Portugal após uma paralisação do juiz, fato responsável pela intensificação do clima bélico que reinou em Nuremberg.

O contexto no primeiro tempo foi simples. O jogo estava equilibrado. A Holanda tocava mais a bola e, assim, chegava ao ataque. Portugal, mais habilidoso e veloz, imprimia um ritmo animado. Vantagem para o time de Felipão, que abriu o placar com Maniche. Porém, nossos amigos lusófonos tiveram duas desvantagens: a lesão de Cristiano Ronaldo, vítima de um chute criminoso de Boulahrouz, penalizado com um simples amarelo, e a expulsão de Costinha.

Tudo indicava que o segundo tempo seria alucinante, com a Holanda atacando em bloco e Portugal revidando com contragolpes rápidos. Os lances de futebol até aconteceram, mas os dois times "atacaram" e "revidaram" mutuamente. Boulahrouz acertou Figo com o braço e foi expulso. Houve a recaída antidesportiva da Holanda e Deco atingiu por trás um adversário. Levou um amarelo que, somado ao segundo, recebido quando o jogador impediu a cobrança de uma falta, lhe rendeu a expulsão. Muita catimba, muitas faltas e algum futebol, sem resultados: a Holanda finalizava mal as jogadas e Portugal aproveitava mal os contra-ataques. Sem os lances violentos, a partida teria tudo para entrar para a história. Sua eternização até aconteceu, mas, infelizmente, por motivos menos nobres.

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Portugal chega às quartas-de-final e Felipão tem uma missão a cumprir muito semelhante à que enfrentou na Eurocopa de 2004. Naquela ocasião, enfrentou a Inglaterra nas quartas-de-final e passou para a fase seguinte nos pênaltis, depois de empate em 1 a 1 no tempo normal e 1 a 1 na prorrogação. Em seguida, despachou a Holanda por 2 a 1. No Mundial, em ordem diferente, os adversários são os mesmos que Portugal já superou há dois anos. Basta repetir a dose e enfrentar, esperemos, o Brasil nas semifinais da Copa de 2006.

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