BlogBola

Tentando dar alguma razão à emoção do futebol

22 de jun. de 2006

O time é esse

escrito por Raphael Perret @ 22:33

A exibição do Brasil hoje contra o Japão foi muito boa, principalmente se comparada às duas atuações anteriores. O time buscou o ataque o tempo todo (pelo menos antes de fazer 3 a 1), e as substituições que Parreira fez antes da partida mostraram que muitos dos considerados reservas têm condições de serem titulares, fácil, fácil. Seja pelo que representam individualmente, seja pela agilidade que dão ao esquema tático.

Cicinho e Gilberto são laterais que apóiam muito. Com Cafu (nem tanto) e Roberto Carlos (muito), o Brasil avança pelos flancos até a intermediária, gerando poucos cruzamentos da linha de fundo ou, pelo menos, de mais perto da área. Enquanto Cicinho é veloz, tem bom chute e sabe jogar pelo meio, dando origem a tabelinhas, Gilberto também é rápido e se posiciona bem para finalizar, conforme mostrou em seu gol e como já havia mostrado no Flamengo, Vasco e São Caetano. Em compensação, a zaga se sobrecarrega porque os adversários se aproveitam do constante apoio dos laterais, sobretudo o esquerdo.

Nesta ocasião, a entrada de Robinho ajuda na composição da defesa. Ué, como assim? O atacante do Real Madrid se movimenta MUITO, ajuda na marcação ainda que não desarme, e dificulta a saída de bola do adversário. Alivia a carga da dupla de volantes. Se um deles sabe jogar, como Juninho, a partida para o ataque fica mais rápida. Zé Roberto também é competente na investida ao ataque, mas não tem o talento criativo que Juninho tem - embora o pernambucano não tenha exibido sua habilidade em armar jogadas especificamente hoje, já que sua tarefa principal era ajudar a proteção à defesa.

No ataque, a movimentação constante de Robinho confunde a defesa adversária, e afrouxa a marcação sobre Ronaldo. Não à toa que o Fenômeno marcou dois gols e ainda teve outras possibilidades, frustradas graças ao bom goleiro japonês. A agilidade de Robinho também cria condições favoráveis ao futebol da dupla de armação. Ronaldinho Gaúcho ainda não brilhou, mas já criou jogadas bem interessantes hoje. Por outro lado, Kaká se isolou muito nas pontas e foi improdutivo, preferindo dar dribles bonitos sem objetividade. Entretanto, o saldo final foi positivo, com muitas finalizações perigosas da seleção.

Em resumo, a atuação do Brasil deixou o torcedor mais otimista. O ímpeto ofensivo aumentou, em detrimento de uma abertura de brechas na defesa, principalmente pelos lados. Se o preço de jogar bonito e fazer gols é sofrer alguns deles, então é isso aí. Só não podemos é levar mais do que marcar.

***

Não nos enganemos, pois. O time do Japão é uma baba. Horroroso. Fez um gol em boa trama, é verdade. O goleiro também evitou um gol mais cedo. Adversários como esse não devem mais aparecer na frente do Brasil nos próximos jogos. Gana é um time rápido, habilidoso e forte. Não vai ser fácil.

Mas, Parreira, por favor: tomar cuidado não significa acovardar. O time é esse de hoje. Basta ajustar a defesa no momento das investidas dos laterais.

0 Comentários:

Postar um comentário

<< Home