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Tentando dar alguma razão à emoção do futebol

18 de jun. de 2006

Mais jogadinhas

escrito por Raphael Perret @ 22:20

Afe, quanto jogo! Por que não instituem férias coletivas mundiais durante a Copa? Assim eu poderia escrever mais tranqüilamente sobre as partidas. Como vivo em outra dimensão e a fim de não ficar muito defasado, recorro novamente à burocrática técnica dos "toquinhos laterais". Não se zanguem, por favor. Afinal, passe para o lado também pode ser bonito. :-)

(1) Espanha 4 x 0 Ucrânia - se nas Copas anteriores a Espanha chegou com banca de favorita - sabe-se lá por quê - em 2006, sem a expectativa criada e com um time renovado, a Fúria causou estrago na Ucrânia: 4 a 0, com sobras e uma esperança deixada na porta dos lares espanhóis. Num grupo fácil e um provável adversário tranqüilo nas oitavas, a Espanha pode ir longe neste Mundial.

(2) Alemanha 1 x 0 Polônia - inauguraram-se a 2ª rodada e os jogos "dramáááááticos", que valem classificação ou resultam em eliminação. O primeiro deles não fugiu à regra. A Polônia se acovardou diante da seleção anfitriã, medíocre que só ela, porém incessantemente lutadora e perseverante, apoiada por uma inflamada torcida. O goleiro polonês Boruc queria evitar a derrota com defesas inacreditáveis. Depois de uma pressão sufocante, que rendeu duas bolas no mesmo ponto do travessão, Neuville fez o gol da vitória e que selaria a classificação, confirmada com a vitória do Equador no dia seguinte, aos 46 do 2º tempo. Dramático, sofrido, emocionante. Começava, de fato, a Copa do Mundo.

(3) Inglaterra 2 x 0 Trinidad e Tobago - o English Team continua acreditando que invadir a área oponente por baixo é contra as regras. Voltou ao velho estilo chuveirinho, buscando o jogo aéreo e a cabeça do grandalhão Crouch, e insistiu nos chutes de longe, sempre perigosos, sobretudo por parte de Lampard e Gerrard. No fim (literalmente), veja você, não é que a Inglaterra conseguiu? Um gol em cabeçada de Crouch (que, inusitadamente, puxou o cabelo do zagueiro Sancho para subir), outro num petardo de longa distância de Gerrard. A Trinidad e Tobago coube marcar o bom meio-campo inglês, com dureza mas sem a violência que os tornozelos suecos sentiram. Com um ataque inoperante, o time das Américas quase arranca um valente empate que lhe daria forças para conseguir uma incrível classificação, hoje difícil de ser obtida.

(4) Suécia 1 x 0 Paraguai - o Paraguai apostou que, se não perdesse para a Suécia, poderia classificar-se com uma vitória sobre Trinidad e Tobago. Optou por não se esforçar muito e fez um joguinho burocrático com os europeus. Mais interessada em melhorar sua situação o grupo B, a Suécia foi mais ofensiva. Com alguma técnica e pouca organização, os suecos tiveram mais chances de fazer o gol, o que conseguiram aos 44 do segundo tempo com Ljunberg, em bonita cabeçada. A postura covarde despachou o Paraguai para casa, e produziu um desempenho tão vexaminoso que nem uma goleada na última partida poderá apagar. Já a Suécia se classifica com um empate com a Inglaterra.

(5) Argentina 6 x 0 Sérvia e Montenegro - sortudos aqueles que presenciaram ou assistiram ao que aconteceu em 16 de junho de 2006, no Arena Aufschalke, em Gelsenkirchen, Alemanha. O placar não deixa dúvidas sobre a superioridade da Argentina. Porém, faz tempo que não via um time apresentar uma exibição tão perfeita de futebol. A defesa anulou qualquer tentativa de ímpeto sérvio-montenegrino. O meio-campo destruiu todo o posicionamento do adversário. E o ataque, composto pela dupla de frente, pelos volantes, pelos armadores e pelos laterais foi, simplesmente, mortífero. Um senso coletivo inigualável produziu toques certeiros, tramou jogadas lindas e resultou em golaços. Quando necessário e/ou possível, o talento individual emergiu para o público, como no belíssimo gol de Tevez. Aplausos de pé para a Argentina, responsável pela exibição mais primorosa da Copa até aqui. Brasileiros, tremei.

(6) Holanda 1 x 0 Costa do Marfim - o time africano merecia melhor sorte. Deu sinais de que poderia se recuperar de golpes como começar um jogo perdendo de 2 a 0. Em ambas as oportunidades, contra Argentina e Holanda, marcou um gol. No entanto, um jogo tem 90 minutos e uma equipe vence neste período de tempo. Fica a lição para 2010. Já a Holanda tem 90 minutos contra a Argentina para treinar contra-ataques. Nos seus dois jogos, fez os primeiros gols e limitou-se a se defender, sem êxito nos contragolpes. Pode ser que, nos próximos confrontos, a Holanda lamente muito um jogo que tinha nas mãos mas cuja vantagem não soube segurar.

(7) Rep. Tcheca 0 x 2 Gana - foi só elogiar a República Tcheca para ela fazer uma apresentação medíocre. A qualidade dos tchecos foi insuficiente para se igualar ao time de Gana, que superou o eventual nervosismo da estréia e fez um grande jogo no dia 17 em Colônia. Pôs os europeus na roda no segundo tempo, perdeu um pênalti e não desistiu mesmo com as seguidas difíceis defesas do goleiro Petr Cech. Os ganeses são velozes e habilidosos, capazes de classificar sua seleção para as oitavas.

(8) Itália 1 x 1 EUA - este foi um dos jogos mais violentos e tensos do Mundial. Dois americanos e um italiano foram expulsos. O primeiro tempo foi, simplesmente, pressão total dos EUA, embora o primeiro gol tenha sido marcado pela Itália. Apesar do sufoco norte-americano, precisou um italiano fazer um gol contra para salvar os EUA, num lance que deve entrar fácil para a história dos maiores micos das Copas do Mundo. O segundo tempo começaria com dez jogadores de cada lado, mas o time americano perdeu mais um. O jogo virou defesa contra ataque, porém foram os EUA que tiveram um gol anulado, enquanto a Itália não ultrapassava facilmente a muralha tricolor e, quando conseguia, parava no goleiro Keller. Final, 1 a 1, e um grupo E totalmente confuso e indefinido.

(9) Japão 0 x 0 Croácia - a pior partida que eu vi nesta Copa, disparado. Os japoneses não são apenas ingênuos. São ruins, mesmo. Erram passes de poucos metros e desperdiçam oportunidades de gol absurdas. Já os croatas não exibiram um décimo da dedicação com que se empenharam contra o Brasil. Até pênalti perderam. Falou-se no calor, mas sol forte não é motivo para justificar o péssimo futebol apresentado em Nuremberg. Lastimável.

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