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Tentando dar alguma razão à emoção do futebol

20 de jun. de 2006

Chegou a turma do funil

escrito por Raphael Perret @ 00:18

A partir de terça-feira o mundo conhecerá os dezesseis times classificados para a segunda fase da Copa do Mundo e as chaves que determinarão o trajeto de cada um até a possível final, 9 de julho, em Berlim. Na última rodada da etapa classificatória, as seleções do mesmo grupo fazem seus jogos no mesmo horário, de amanhã (19) até sexta (23). Enquanto em alguns grupos os quatro times têm chance de seguir no Mundial, em outros já estão definidos os classificados, restando-lhes decidir quem ficará em primeiro e em segundo lugar, apontando um caminho mais claro para o seu futuro na Alemanha.

Vai, aqui, uma modesta análise do que pode acontecer nesses próximos jogos que darão muita emoção ao longo desta semana, por grupo. Uma informação fundamental que pode fazer diferença, especificamente nesta última rodada: muitas seleções vão poupar jogadores, seja por contusões, seja para evitar o segundo cartão amarelo dos pendurados e, assim, impedir um desfalque importante nas oitavas-de-final. Outro detalhe é o cruzamento dos times nas oitavas. É simples: A x B, C x D, E x F e G x H, sendo que o primeiro de um pega o segundo do outro. Para quem quiser saber como ficam as chaves dos jogos até a final, ofereço este modesto diagrama. Percebi que a maioria das tabelas não utiliza o formato "funil", mais interessante na visualização dos caminhos dos times na fase eliminatória.

Grupo A - enquanto Costa Rica e Polônia decidem quem terá tido a exibição mais micosa da chave, Equador e Alemanha disputam o primeiro lugar. Os sul-americanos têm a vantagem do empate, mas é claro que a Alemanha tem todas as condições de vencer, o que lhe dá, com qualquer placar, a liderança do grupo A. Não sei se é bom negócio fechar a primeira fase na ponta: quem chegar às oitavas nesta condição pode pegar a Argentina nas quartas-de-final. Se a Alemanha quer o título, não pode escolher adversário. Mas o Equador sonha com uma longa caminhada nesta Copa, e quanto mais tardio for um encontro com times como Brasil e Argentina, melhor.

Jogos: terça-feira, 20, às 11 horas (horário de Brasília).

Grupo B - os times desta chave entram em campo já sabendo quem se classificou no grupo A e, dependendo, podem evitar um confronto já nas oitavas com a anfitriã Alemanha. A informação pode influenciar o jogo entre Inglaterra, já qualificada, e Suécia. Um empate classifica ambas as seleções, com os britânicos em primeiro. Os suecos viram líderes se vencerem. Enquanto isso, Trinidad e Tobago joga todas as suas forças contra um lamentável Paraguai, precisando ganhar por mais de dois gols de diferença e torcer por uma vitória da Inglaterra. Muito difícil, embora haja outra motivação para os trinitários, que é marcar o primeiro gol do país em Copas.

Jogos: terça-feira, 20, às 16 horas (horário de Brasília).

Grupo C - as vagas estão 99,9% definidas. Argentina em primeiro, Holanda em segundo. A única mudança possível é a inversão das colocações, o que acontece apenas se os holandeses vencerem os portenhos por três ou mais gols de diferença. Impossível? Não. Mas... Sabe como é... Vamos conjecturar mesmo? Além disso, os dois times não devem estar muito preocupados com o adversário que virá do grupo D, já conhecido quando a reedição da final de 1978 começar. Ao mesmo tempo, Costa do Marfim tenta a primeira vitória na Copa sobre um combinado desmotivado de Sérvia e Montenegro, país que, hoje, nem existe mais no mapa-múndi.

Jogos: quarta-feira, 21, às 16 horas (horário de Brasília).

Grupo D - o segundo lugar pega a Argentina nas oitavas, enquanto o outro classificado só cruza com ela numa final. Logo, a briga vai ser dura pela liderança do grupo D. Portugal tem vantagem, porque pode empatar com o México. Por sua vez, os latino-americanos precisam vencer os portugueses para ficar em primeiro. Porém, basta-lhes o empate para, ao menos, continuar na Copa. E pasmem: até Angola tem chances de classificação. Precisa derrotar o Irã, eliminado, por três gols de diferença e torcer pela vitória da seleção do país que a colonizou.

Jogos: quarta-feira, 21, às 11 horas (horário de Brasília).

Grupo E - é, de longe, o grupo mais embolado. Os quatro times podem passar à segunda fase. A única certeza é que pelo menos um europeu chegará às oitavas. E um dos confrontos é exatamente entre os dois representantes do velho continente do grupo. À Itália basta um empatezinho, enquanto a República Tcheca precisa vencer para se garantir. Um empate até classifica os tchecos, mas eles passarão a depender do que acontecerá com Gana e Estados Unidos. Se os africanos vencerem, conquistam uma classificação histórica para seu país. Um empate só põe Gana na segunda fase se conjugado a uma vitória italiana. Já os EUA têm uma difícil missão: vencer e torcer pela Itália. Para não dependerem do placar do outro jogo, os norte-americanos precisam golear Gana por seis ou mais gols de diferença. Como todos os times apresentaram qualidades e foram irregulares nos dois primeiros jogos, não consigo arriscar um palpite. Ah, vale lembrar que o segundo lugar pega o Brasil, certamente o primeiro do grupo F.

Jogos: quinta-feira, 22, às 11 horas (horário de Brasília).

Grupo F - se o Brasil teve atuações decepcionantes nas duas primeiras partidas, o Japão foi, assim, desastroso. Assim, é difícil crer que a seleção pentacampeã perca para o time de Zico e deixe escapar o primeiro lugar. Os nipônicos têm alguma chance de se classificar: devem vencer o Brasil por um bom saldo de gols e torcer para que Austrália e Croácia empatem, com o placar mais baixo possível, ou que os croatas vençam, mas não por muito, por favor. Melhor está a Austrália, que passa às oitavas com um empate. A Croácia precisa vencer e não depende só dela, mas conta com um simples empate entre Brasil e Japão para se classificar. Segunda vaga em aberto, caindo levemente para o time da Oceania.

Jogos: quinta-feira, 22, às 16 horas (horário de Brasília).

Grupo G - tirando Togo, que já foi "tirado" pela arbitragem em sua última partida, os outros três times podem chegar à segunda fase. Pra variar, a França está na pior situação, porque precisa vencer os africanos e torcer para que não haja empate na outra partida. Se houver, Henry vai ter que trabalhar muito e ajudar seu time a construir uma vitória por mais de três gols de diferença e se classificar direto. Pra uma seleção que só marcou um gol depois da final de 1998, sei não... Suíça e Coréia do Sul entram em campo tranqüilas. Quem vencer chega à segunda fase. Um empate pode tirar a Coréia, que tem saldo pior e, dependendo do resultado de França x Togo, pode cair mesmo invicta. Por incrível que pareça, os suíços tem o canivete e o queijo nas mãos (hahaha, sou muito engraçado). Há dois detalhes importantes nesta análise. Primeiro, este grupo será o último a definir seus classificados, logo, os times entrarão em campo sabendo de seus eventuais caminhos das oitavas em diante. Segundo, o vice-líder pegará o vencedor do grupo H, provavelmente a Espanha, que tem se revelado um páreo duro, e, depois, tem grandes chances de cruzar com o Brasil nas quartas. Em compensação, o primeiro lugar do grupo G pega um adversário mais fácil nas oitavas e só pode enfrentar a Argentina na semifinal e o Brasil na final.

Jogos: sexta-feira, 23, às 16 horas (horário de Brasília).

Grupo H - a Espanha, classificada, garante o primeiro lugar com um simples empate com a Arábia Saudita, mas muito mais do que isso deve acontecer. A Ucrânia se recuperou da goleada da primeira rodada, melhorou o saldo e entra em campo podendo empatar com a Tunísia para garantir vaga nas oitavas. Não vejo estofo nos times asiático e africano para impedir os planos de Espanha e Ucrânia. A Tunísia até se classifica com uma simples vitória, enquanto a Arábia precisa vencer o melhor time do grupo, por muitos gols, e torcer para que a Ucrânia não vença, para ainda assim decidir a vaga no saldo de gols... Bem, vamos direto ao ponto: é Espanha em primeiro e Ucrânia em segundo. Ressalte-se que o vice-líder do grupo H segue o mesmo caminho do vencedor do grupo G, descrito aí em cima. Ou seja: é possível que, Copa adentro, a Ucrânia tenha um caminho mais fácil que o da Espanha.

Jogos: sexta-feira, 23, às 11 horas (horário de Brasília).

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