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Tentando dar alguma razão à emoção do futebol

28 de jun. de 2006

Nossas oitavas

escrito por Raphael Perret @ 15:34

Brasil 3 x 0 Gana

Eu já tinha falado: Gana é veloz, habilidoso e forte. Mas não sabe chutar. Chega na cara do gol e manda a bola para a lateral. Pensa que ganha pontos quem manda mais longe do goleiro adversário. Tivessem melhor pontaria, os ganeses poderiam sair da Copa com um placar mais honroso ou mesmo, quem sabe, comemorar uma classificação.

O Brasil recaiu no velho defeito da falta de movimentação dos atacantes, somado a um problema que ocorreu especificamente hoje: a atuação mediana de Kaká - embora decisivo - e Ronaldinho Gaúcho. Quando Ronaldo e Adriano se mexeram, tentando escapar da marcação, fizeram os gols. E o time só voltou a assustar quando Juninho entrou em campo, o que coincidiu mais ou menos com o momento em que Gana ficou com dez e acabou recuando.

A defesa também começou a vacilar. Não foi tão segura diante de um time que toca bem a bola e é rápido. Por sorte, além da má pontaria dos ganeses, Dida esteve soberbo.

Parreira deve ter seus motivos para ter repetido a escalação dos dois primeiros jogos. O placar foi elástico porque o Brasil teve sorte de conseguir um gol aos cinco minutos e um adversário expulso. O time pode fazer uma apresentação melhor que a de hoje, sem dar grandes sustos e com mais finalizações. Até porque os próximos rivais são melhores e mais experientes que Gana. Não acreditemos na grandeza deste 3 a 0.

***

Os gatos-mestres de plantão disseram que o Brasil não ia ganhar a Copa porque a arbitragem ia prejudicar o time. Imaginem, então, se os juízes não quisessem...

Hoje, o Brasil teve uma arbitragem tranqüilamente favorável. O juiz deu seis vários cartões amarelos e um vermelho para o time de Gana, deu um gol em que Adriano estava impedido. Além disso, Zé Roberto fez o seu em posição polêmica.

Se houvesse mesmo um movimento anti-Brasil, por que ele permitiria essas benesses?

Ou a orientação ainda não foi posta em prática? Humm... Vamos esperar.

Espanha 1 x 3 França

Taí. Eu apostava que a Espanha iria mais longe nesse Mundial. Cairia diante do Brasil, acreditava. Porém, uma França ressurgiu das cinzas asiáticas disposta a mostrar que tem cacife para ir longe. Não se é campeã mundial à toa.

O jogo foi muito truncado, sem grandes liberdades para os atacantes. As duas defesas estavam muito sólidas. A diferença é que, enquanto a Espanha dominava territorialmente, a França fazia movimentos mais verticais e ousados. Os espanhóis amarelaram. Não finalizaram muito e, assim, não fizeram gols. Os franceses, experientes, foram mais pacientes e conseguiram seus gols naturalmente. Apesar de Henry, a quem o técnico deve fornecer urgentemente um livro explicando como funciona um impedimento. Ô jogador pra gostar de uma banheira...

***

A França é a responsável pela minha primeira e pela minha última decepção em Copas do Mundo. A mais recente é óbvia. A inaugural foi em 1986, quando Zico, Sócrates e Júlio César perderam os pênaltis que poderiam dar uma vaga ao Brasil nas semifinais. Vibrei muito com a classificação do time de Zidane. Esfrego as mãos esperando pelo frio instante da vingança...

... com um certo temor. Em 98, o time da França sofreu vários percalços na sua caminhada rumo ao título. Classificou-se em primeiro, mas sem agradar a torcida. Passou pelo Paraguai com um gol de ouro nas oitavas. Superou a Itália nos pênaltis nas quartas. Virou um jogo perdido contra a Croácia na semifinal. E, na boa, ganhou do Brasil num dia em que até a China de 2002 golearia o time de amarelo. Ou seja, a França evoluiu ao longo da Copa, e o fato se repete no torneio atual. Mesmo longe de casa, a torcida francesa certamente, em Frankfurt, será maioria (pela distância) e mais ruidosa (pela tradição e pelo que pouco se viu e ouviu dos brasileiros). Por fim, em confrontos em Copas, a França leva vantagem sobre o Brasil. Ou seja, é vencer os Bleus e partir pro hexa, sem volta.

2 Comentários:

Em 20:19, Blogger Jorge Nobre falou...

Não achas tu, Raphael, que falta um Dunga no meio campo brasileiro?

 
Em 20:12, Blogger Raphael Perret falou...

Meio atrasado na resposta, Jorge, mas vamos lá: do Dunga, faltou alguém pra liderar esse grupo. O time não se falava, não reclamava, não brigava. Cafu, como capitão, foi um desastre. Sua função só serviu pra tirar cara ou coroa. Taticamente, não vejo um lugar para o Dunga ali. Ele desarmava bem, não melhor que Zé Roberto, Emerson ou Gilberto Silva. Como armador, acertava um lançamento de dez em dez jogos. Um abraço.

 

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