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Tentando dar alguma razão à emoção do futebol

25 de jul. de 2006

Vibração é necessário, mas insuficiente

escrito por Raphael Perret @ 23:02


Dunga aprenderá a ser técnico de futebol na escola mais rigorosa do mundo


Atribuam qualquer pecha pejorativa a Dunga, menos a de não ter afinidade com a seleção. Poucos escreveram seu nome na história ao participar de três Copas do Mundo, sendo capitão em duas delas, campeão em uma e vice em outra. Estigmatizado como responsável pela derrota na Copa de 1990, Dunga manteve o crédito com os treinadores e foi titular nos dois Mundiais seguidos. Sua liderança e vibração foram determinantes para assumir o posto de capitão em 1994 e, conseqüentemente, levantar a taça de campeão do mundo. O sucesso foi suficiente para mantê-lo no comando do time quatro anos depois, um pouco mais polêmico - por "exagerar" nas cobranças, segundo os companheiros.

Como jogador, Dunga foi sempre firme na marcação, nunca desleal, jamais violento. Era vibrante, valente e lutador. Compensava a limitação de talento criativo com muita raça. Por tudo isso, era exemplo de jogador de seleção para uns e considerado um estorvo por tantos outros.

A mesma divisão na torcida Dunga causará ao topar ser o técnico da seleção brasileira. Motivos não faltam para tanta desconfiança. É muito arriscado que um novo treinador comece a trabalhar exatamente com o time que sofre a maior pressão do mundo? E Dunga, ex-volante, vai preferir um time com preocupações predominantemente defensivas ou vai explorar o melhor do futebol brasileiro?

A grande esperança dos simpatizantes de Dunga na seleção é a sua famosa vibração e raça. Os dois atributos foram considerados as maiores ausências do Brasil que disputou a Copa de 2006, e um treinador conhecido pela garra seria fundamental para reinjetar ânimo e vontade de jogar nos atletas. Muito justo. Mas um treinador vibrante não joga, e precisa de muito mais do que gritos para motivar jogadores. Basta ver Felipão, considerado um exemplo no Mundial. De fato, o técnico de Portugal torce, reclama, grita, participa do jogo. Mas nas últimas partidas da Copa a seleção lusa não demonstrou aquela vibração necessária para suplantar adversários como Inglaterra e França. Ou seja, é preciso muito mais do que garra.

É preciso experiência. Dunga foi um grande capitão, mas a liderança que exercia era dentro de campo. Como técnico, lidará com muitas outras questões, desde administrativas até táticas e estratégicas. Preparar a seleção brasileira depois de uma Copa perdida tão inimaginavelmente não é a melhor escola para que Dunga aprenda a comandar um time. A falta de tarimba pode ser compensada pelo conhecimento futebolístico e pela seriedade do novo treinador do Brasil. E, também, pelo apoio da torcida, na qual se inclui este blog. Boa sorte, Dunga!

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