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Tentando dar alguma razão à emoção do futebol

16 de jul. de 2006

O que querem Flamengo e Vasco da vida?

escrito por Raphael Perret @ 23:34


Flamengo e Vasco prontos para decidir vaga na Libertadores


Os dois clubes começam a decidir a Copa do Brasil na quarta-feira e, ao mesmo tempo, uma vaga na Taça Libertadores da América, que terá novamente pelo menos um time do Rio de Janeiro depois de cinco anos. Um alento para o futebol carioca, tão sofrido com os desvarios dos dirigentes e a indigência das equipes que montam nos clubes que comandam. Entretanto, uma pergunta se faz pertinente agora: Flamengo ou Vasco vão disputar o maior torneio sul-americano com o que têm hoje?

Em 27 de julho, no dia seguinte à conquista da Copa do Brasil, o vencedor tem todo o direito de celebrar o título. Porém, é salutar que, neste mesmo dia, comece a pensar seriamente no que pretende para o ano de 2007. Não basta entrar na Libertadores pensando em disputar a primeira fase e ganhar uns premiozinhos bestas da Confederação Sul-Americana.

Flamengo e Vasco são os dois únicos times do Rio que já venceram a Libertadores. Têm torcidas expressivas em todo o Brasil - e, por que não, no mundo? Têm, portanto, a obrigação de cumprir um papel decente no torneio sul-americano, em nome de seus torcedores e em nome de suas ricas e gloriosas histórias.

Acontece que os elencos dos dois times são patéticos. Lutam, atualmente, no Brasileiro, pra sair daquele bolo entre o 11º e o 16º lugar - colocações, aliás, em que os dois times se habituaram a permanecer nas últimas edições do campeonato. É inacreditável que Flamengo e Vasco pretendam disputar uma Libertadores com aqueles elencos. Lembremos que os dois últimos campeões da Copa do Brasil, Santo André e Paulista, embora capazes de vencer um torneio caseiro, não conseguiram chegar às oitavas da competição sul-americana.

O clima no Vasco, neste momento, parece melhor. Não só pela vitória no minguado clássico de hoje, um jogo horroroso em que um time (o cruzmaltino) entrou somente para se defender e fez um gol num escanteio e o outro (o rubro-negro) dominou territorialmente do início ao fim, mas exibiu sua já tradicional inaptidão em colocar a bola pra dentro do gol. O Vasco consegue entrar na decisão num clima melhor porque também conquistou a vaga na final sobre o Fluminense, rival de maior qualidade, ao contrário do Flamengo, que não pegou nenhum time da Primeira Divisão na sua trajetória na Copa do Brasil - o que não lhe tira o mérito, óbvio, de chegar à final.

Além disso, o time da Gávea, que vinha de duas vitórias consecutivas no Brasileiro, fez uma intertemporada na qual conseguiu regredir tudo o que aprendeu. O time titular mudou completamente e amarga, nos dois primeiros jogos pós-Copa, duas derrotas, uma com goleada e outra para os reservas do arqui-rival. Uma beleza. Com um planejamento maravilhoso destes, que demite o treinador que pôs o time na decisão mais importante do ano e que contrata jogadores impedidos de participar desta finalíssima, criando a inédita situação de um clube ter dois times titulares no ano, é natural que o torcedor rubro-negro arranque os cabelos.

Por fim, outro motivo que deixa os vascaínos mais otimistas é a superação dos jogadores. Enquanto no Vasco os atletas, demonstram respeito à camisa que vestem e, em alguns casos, amor mesmo, suando, correndo e lutando, os do Flamengo - não todos, sejamos justos - acham que estão numa pelada de fim de semana, onde tanto faz perder ou ganhar. É uma postura assustadora às vésperas de dois jogos que ditarão o futuro do clube nos próximos meses.

Enfim, torço para que os dois times superem suas limitações e comportem-se como guerreiros em campo de batalha, exceto pela questão da violência. Se não podem nos agraciar com lances de pura técnica, que ao menos lutem até o fim, com garra, determinação e coragem, honrando o escudo que carregam no lado esquerdo de suas vestes.

(Flamengo 0 x 1 Vasco, Maracanã, Rio de Janeiro, décima-segunda rodada do Campeonato Brasileiro)

***

Um amigo meu costuma menosprezar todos os jogos que terminam com placares dilatados, como o 4 a 4 que Grêmio e Fluminense alcançaram hoje. "Pelada", determina ele, com desdém.

"Pelada", pra mim, é partida mal jogada. Aquela em que todos os jogadores partem pra cima da bola, sem um pingo de organização e com muita afobação. Ou em que caneladas são predominantes e chutes bisonhos fazem a torcida rir. Ou chorar.

Partida com muitos gols eu quero é todo dia. Às vezes, é fruto de ataques inspirados. Freqüentemente, é efeito de defesas displicentes. Não importa. Como diz o Rappa, eu quero ver gol. Ainda mais da maneira emocionante que foi, com três gols depois dos 40 do segundo tempo. Emocionante, surpreendente, de arrepiar.

(Grêmio 4 x 4 Fluminense, Olímpico, Porto Alegre, décima-segunda rodada do Campeonato Brasileiro)

***

Parabéns a Palmeiras e Santa Cruz, que, pelo jeito, trabalharam sério durante a Copa e já conseguiram duas vitórias depois do retorno às atividades do Brasileirão.

Fortaleza, Corinthians e a galera dos 14 pontos, formada por Botafogo, Ponte Preta, Flamengo e Atlético-PR, é hora de acordar. Os dois lanterninhas estão se aproximando, e a briga pra não cair começa a esquentar.

(Palmeiras 1 x 0 Corinthians, Morumbi, São Paulo, décima-segunda rodada do Campeonato Brasileiro)

(Fortaleza 1 x 4 Santa Cruz, Castelão, Fortaleza, décima-segunda rodada do Campeonato Brasileiro)

2 Comentários:

Em 18:23, Blogger Daniel F. Silva falou...

Se tem algo a que Flamengo e Vasco têm que dar graças a Deus, é ao calendário esdrúxulo da CBF, que não dá direito de participação na Copa do Brasil aos representantes brasileiros na Libertadores. Se Corinthians, Goiás, Internacional, Palmeiras e São Paulo (o Paulista não conta) estivessem lá, duvido muito que essa final iria acontecer... Se bem que acho que o vice-campeão da Copa do Brasil deveria ter direito a vaga na Copa Sul-Americana.

 
Em 00:31, Anonymous Anônimo falou...

2 a 0. não correu muitos riscos. mas como é ruim demais esse time do flamengo. lento, incapaz de acertar um passe no meio-campo. ter como capitão aquele 'penso que jogo' é melancólico.
se fosse de verdade, metia logo 4 e encerrava a decisão. aguardar!

 

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