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Tentando dar alguma razão à emoção do futebol

24 de abr. de 2006

Cariocas são bacanas

escrito por Raphael Perret @ 16:43


Diego Silva marca o segundo gol do Flamengo na vitória sobre o Juventude

O melhor que pôde acontecer ao Flamengo veio de um golaço, em chute poderoso de Renato em cobrança de falta, aos 8 minutos do primeiro tempo. Assim, o time não precisava forçar muito o jogo. Primeiro, porque o time do Juventude, sobretudo o ataque, é indigente. A natureza marcava. Segundo porque, se precisasse fazer mais gols, o Flamengo teria dificuldades. Nas chances que teve, perdeu-as por falta de companheirismo. Quem arriscava chutava mal e sempre tinha colegas mais bem posicionados. No segundo tempo, o Juventude encurralou um pouco, mas a pontaria e qualidade dos chutes dos atacantes revelaram-se horrorosas. Então, o Fla começou a acertar mais os passes. Walter Minhoca mostrou que pode ser útil na ligação com o ataque, se jogar como apoiador. É habilidoso e tem boa visão de jogo. Se Jônatas mantiver a boa fase e perder um pouco a arrogância, o meio-campo pode render. Ontem, até organizou boas jogadas. O problema é que o ataque jogou mal: Ramírez errou tudo e Diego Silva fez pouco.

A redenção foi ver o Flamengo, literalmente, mandar (n)o jogo. Impôs-se no Maracanã, conforme exige a tradição. Se atuar assim em todos os jogos no estádio, ao qual retorna com a velha freqüência que abandonou depois de 2003 (ano em que, coincidência ou não, teve sua melhor participação em Brasileiros neste século), o Fla não passará por grandes sustos nesta competição.

(Flamengo 3 x 1 Juventude, Maracanã, Rio de Janeiro, 23/04/2006, 2ª rodada do Campeonato Brasileiro)

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Justiça seja feita: o Flamengo em 2006 tem feito mais gols do que no ano passado, quando era um martírio para a equipe conseguir estufar as redes adversárias. Nos últimos cinco jogos, o time fez 12 gols. A estatística transmite um pouquinho de esperança para a torcida.

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O que queria o goleiro Jean ao correr para a área adversária tentar um gol de cabeça quando a Ponte já perdia por 1 a 0 para o Vasco? Tornar-se herói? Um herói que salva o time de uma derrota de 1 a 0... na segunda rodada do campeonato Brasileiro?

O gol sofrido após o lance foi um merecido castigo para o goleiro da Ponte Preta. Errou na dose de coragem, totalmente desnecessária diante do prejuízo. Méritos ao Vasco pelo belíssimo gol, jogada construída coletivamente, todos buscando a melhor maneira de acertar as redes, sem afobação e com inteligência, para aproveitar a chance de ouro que Jean lhes deu.

E, que eu me lembre, é a primeira vez que um time se aproveita de uma aventura de goleiro. É verdade que teve o Roger, acertando um chute do meio-de-campo no Morumbi, pelo Rio-São Paulo 2002, enquanto Rogério Ceni ainda comemorava seu gol (São Paulo 4 x 3 Fluminense). Mas, neste caso, o gol ocorreu na saída de jogo, e não no rebote de uma participação em falso do goleiro.

(Ponte Preta 1 x 2 Vasco, Moisés Lucarelli, Campinas, 23/04/2006, 2ª rodada do Campeonato Brasileiro)


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O Vasco tem um time mediano. Há muitos anos, diga-se de passagem. Só escapou do rebaixamento nos últimos campeonatos porque é de sua tradição fazer muitos gols e ter bons ataques. Não é diferente em 2006. O poder ofensivo do Vasco é o que ele tem de melhor. Valdiram, Edílson, Morais e Ramon fazem um quarteto que exige respeito dos zagueiros. Se jogarem afinados, podem dar alguma dignidade às partidas do clube. Fato que ocorreu nos dois jogos do Vasco no Brasileiro.

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Cruzeiro 3 x 1 Grêmio. Fácil apostar neste placar, diriam alguns. Resultado, porém, difícil de ser construído. Quando comecei a ver, parecia que o Grêmio disputava a final da Libertadores jogando pelo empate. Havia uma penca de jogadores gremistas (que, com o uniforme reserva, pareciam corintianos) em seu campo que se lançavam à frente apenas em contra-ataques. Tática tão inesperadamente tímida deve ter desnorteado o Cruzeiro, já que as melhores investidas foi do time gaúcho. De tal forma que fez 1 a 0 com Ricardinho.

Curiosamente, o Grêmio passou a jogar de forma mais ofensiva, empolgado com a possibilidade de sair vitorioso do Mineirão e ciente de que o Cruzeiro não fazia boa partida. Porém, veio o segundo tempo, a equipe mineira acordou, passou a melhorar o passe, anestesiou o golpe e fez 3 gols, enquanto o Grêmio perdia suas chances. Jogasse assim desde a primeira etapa, o Cruzeiro obteria uma vitória mais categórica.

(Cruzeiro 3 x 1 Grêmio, Mineirão, Belo Horizonte, 23/04/2006, 2ª rodada do Campeonato Brasileiro)


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Do bom desempenho dos clubes do Rio nestas duas primeiras rodadas conclui-se que o futebol carioca não é o cocô do cavalo do bandido que mutios dizem. Os times estão se acertando, descobrindo o potencial de seus jogadores, muitos deles incorporados somente neste ano aos respectivos elencos, e só agora os resultados aparecem. Por isso a má campanha de Vasco, Flamengo e Fluminense no Estadual. Além disso, a fraqueza dos elencos cariocas não torna melhores os times de fora do Rio. O campeonato é equilibrado e destacam-se apenas os poucos candidatos ao título. Mesmo estes não estão a anos-luz à frente dos demais, mas somente alguns quilômetros.

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Destaques da próxima rodada: clássico carioca valendo a liderança (há quanto tempo isso não acontece!) vai arrasar o coração de vascaínos e tricolores em São Januário; clássico paulista pode afundar ou resolver a crise do Palmeiras, que encara, em casa, o Santos de Luxemburgo; clássico nacional confirmará a evolução do Fla ou o favoritismo do Internacional no Beira-Rio.

Mas, antes, Copa do Brasil e Libertadores na semana. Os seis times citados, inclusive, têm jogos decisivos nas duas competições.

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Média baixa de gols: 2,2 por partida. Três times dos vinte ainda não marcaram: Goiás, Santa Cruz e Paraná. Na segunda rodada do Brasileirão de 2005, a média era de 2,72 gols por partida e somente duas equipes, dentre vinte e dois, ainda não haviam balançado a rede: Atlético-PR e Fortaleza.

Os ataques estão dormindo ou as defesas melhoraram?

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