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Tentando dar alguma razão à emoção do futebol

2 de mai. de 2005

A surpresa carioca e o naufrágio dos favoritos

escrito por Raphael Perret @ 11:40

Fácil, fácil, detectar a presença de Celso Roth no banco de reservas do Flamengo. Zaga que não brinca em serviço, marcação fortíssima, muitas faltas e 1 a 0 no placar. Sim, o "estilo gaúcho" foi definitivamente implantado no clube da Gávea.

O Flamengo contou com muita sorte ao fazer um gol logo no início do jogo. Depois, foi "só" se defender. "Só" mesmo, porque o time do Figueirense é o mais fraco que o clube catarinense já trouxe pra disputar a Série A do Brasileiro desde quando a ela ascendeu, em 2002. E os rubro-negros, verdade seja dita, seguraram o resultado com competência. Os zagueiros e o volante Fabiano tiveram boas atuações. Mas foi triste ver os jogadores fazerem tantas faltas, usando-as como primeiro recurso na tentativa de roubar a bola. Quebrou-se a tradição do Flamengo de ser um time que comete poucas faltas.

A defesa rubro-negra abusou dos chutões. Mostrou que não quer saber de brincadeira. Em compensação, com tanto tiro de canhão vindo de trás, Obina (incansável, como corre o garoto) e Fabiano Oliveira tiveram que se desdobrar pra organizar alguma coisa. O meio-campo do Flamengo foi indigente, sem nenhum poder de criatividade.

A primeira vitória foi ótima por ter vindo logo na segunda rodada, evitando o desgaste, e fora de casa, dando moral aos jogadores. Porém, que os torcedores não se iludam, porque há muito, mas muito mesmo, o que melhorar. O maior avanço, até agora, foi a aplicação dos atletas, demonstrada pela força de marcação e conseqüente vontade de defender o Flamengo. Já é alguma coisa.

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O Fluminense não precisou de muito esforço para vencer o Paysandu no Mangueirão, apesar dos dois gols terem sido de pênalti. O time carioca dominou boa parte do primeiro tempo, mas cedeu espaço depois de fazer 1 a 0. Os paraenses empataram com o oportunista Róbson. Veio o segundo tempo e, após a expulsão de dois jogadores de cada lado, o Fluminense jogou o básico para fazer o gol da vitória. Os jogadores do Paysandu reclamaram impedimento no lance que originou o pênalti, mas não foi um erro grave porque, embora a bola tenha ido na direção de Diego, que voltava da posição irregular, ele não participou do lance.

A decisão do juiz e do bandeirinha foi importante, pois premiou o time do Fluminense, superior ao fraco elenco do Paysandu, que até chega perto do gol, mas não sabe chutar.

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Duas vitórias sobre Inter e Corinthians, dois favoritos, não podem ser tão enganadoras. PC Gusmão está acertando o time do Botafogo, a maior surpresa do campeonato, e começa a encher a torcida de esperança por uma campanha digna do alvinegro carioca.

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Por falar em Corinthians, esperava-se muito mais do estelar time paulista. Empatar com o Juventude e perder de 3 a 1 pro Botafogo no Rio não eram resultados esperados por nenhum corintiano. Estariam os problemas de relacionamento interferindo no desempenho dos jogadores? Tévez & cia. ainda podem se recuperar tranqüilamente, mas imagino como não estão sendo as cobranças no Parque São Jorge...

Já o tricolor do Morumbi, que também entrou no campeonato com alguma banca, parece ter sentido muito a saída de Leão. Contra o Paraná, jogou tenso e desorganizado, sem ameaçar o adversário até tomar o gol. Foi tomado por um desequilíbrio que culminou com a perda (bisonha) do pênalti por Luizão, mas corrigido com o empate consagrado por Lugano.

E se alguém esperava que na terceira rodada haveria um confronto de líderes, teremos um São Paulo x Corinthians emocionante, mas com outro epíteto, com o perdão do clichê: o clássico dos desesperados.

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O Atlético-PR e o Inter também devem estar batendo cabeça. Mesmo no eixo Rio-São Paulo foram considerados favoritos e, até agora, não conquistaram nenhum pontinho. Os gaúchos ao menos pegaram o Cruzeiro, outro bambambã, no Mineirão. Num campeonato longo, duas rodadas ainda são muito pouco, mas o suficiente para gerar instabilidade e cobranças.

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E os cariocas estão invictos!

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Sério: esses bons resultados me surpreendem. No Brasileiro do ano passado, quando, no início, ninguém acreditava muito no rebaixamento dos cariocas, os times do Rio só foram vencer na quarta rodada, e mesmo assim num clássico regional (Flu 1 a 0 no Vasco). Em 2005, quando a imprensa e torcedores cariocas afirmam que muitos dos clubes daqui correm risco de cair, temos duas rodadas, cinco vitórias e três empates.

Do Fluminense já esperava uma boa campanha. O Botafogo, a meu ver, não brigaria pelo título mas também não devia fazer jogos ruins. Meu medo envolvia mesmo Flamengo e Vasco. O rubro-negro pelo menos já conquistou três pontos e tirou o fardo da busca pela primeira vitória. Os cruzmaltinos é que ainda estão devendo muito e não conseguem dar um fiapo de esperança aos torcedores.

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Ninguém pode estar gostando dos jogos sem público. Nem torcida, nem imprensa, nem jogadores, nem técnico. Talvez os policiais, que têm menos trabalho e podem até ver a partida.

Segundo o STJD, a punição anterior, que forçava o time mandante a jogar a mais de 150 km de sua cidade, não adiantava nada porque a torcida comparecia, principalmente no caso de times populares. Com os portões fechados, o clube punido não ganha renda.

Entretanto, há muito tempo leio que os clubes não consideram a renda dos jogos como sua principal receita. Eles recebem mais dinheiro das verbas publicitárias e televisivas. Logo, essa nova forma de punição também não resulta em penalização.

É preciso buscar outra solução. Inversão do mando de campo? Perda de pontos? Realização do jogo em um estado diferente? Propostas são bem-vindas.

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E a terceira rodada, dias 7 e 8, como é que vai ser?

Sábado
Paraná x Juventude
Goiás x Figueirense
Santos x Atlético-PR
Ponte Preta x Paysandu

Domingo
Internacional x Flamengo
Vasco x Botafogo
Coritiba x Palmeiras
Corinthians x São Paulo
Fluminense x Cruzeiro
São Caetano x Fortaleza
Atlético-MG x Brasiliense

Muitos jogos interessantes. O atual campeão e o atual vice se enfrentam em situações extremamente opostas: um está 100%, outro está 0%. Ambos são considerados favoritos para o título, embora eu considere que o Furacão tenha perdido o encanto.

O Inter, precisando vencer de qualquer maneira, recebe o Flamengo. Escaldado depois da derrota para o Botafogo, não quer ser surpreendido por outro time carioca. Por outro lado, os rubro-negros mal afastaram o tabu de não conseguir vencer no sul do país e já encaram outro chumbo do grosso em Porto Alegre. Mas, de futebol de Porto Alegre, Celso Roth entende.

Repetindo, Corinthians e São Paulo se enfrentam precisando vencer para convencer. Um clássico de responsa.

O Fluminense quer se manter na liderança contra o bom time do Cruzeiro que, por sua vez, deseja confirmar o favoritismo que lhe impingiram alguns analistas.

E o Botafogo, determinará a primeira derrota de um carioca? O Vasco que se cuide: mesmo em São Januário, o adversário virá com tudo.

2 Comentários:

Em 01:04, Blogger AL-Chaer falou...

CELSO ROTH no FLAMENGO

Acompanhando o trabalho do Celso Roth aqui no Goiás (um dos únicos técnicos que não "caiu" no Brasileirão de 2004) seus méritos são:

1. arma bem a defesa, com um meio-de-campo com pegada forte; há um rodízio nos jogadores que saem para o primeiro combate, de modo que os "cartões amarelos" ficam distribuídos;

2. sabe armar bem um esquema 3-5-2; escala dois atacantes velozes e habilidosos (o Goiás tinha o Alex Dias, hoje no vasco e o Leandro, hoje no Fluminsense)e dois alas rápidos; o Flamengo atual, com sua "meninada voluntariosa" pode revelar bons jogadores com estas características; Celso Roth é um ótimo técnico para disciplinar novos valores;

3. é um treinador rígido, que se impõe; não dá bola para torcida, nem imprensa, nem diretoria; aqui em Goiânia, parte da imprensa tentou "puxar o tapete" do Celso Roth por várias vezes durante o campeonato...Celso Roth não "deu bola" para isto;

4. fala bem, conhece o Futebol e "sabe" realizar substituições para "mudar uma equipe";

5. quando seu time sai na frente, é difícil perder a partida; no máximo, cede um empate;

AL-Bra©os
AL-©haer

p.s.: time que o Celso Roth comanda tem que ter "banco", pois há muita suspensão por "cartões", durante o campeonato...

 
Em 09:59, Blogger Raphael Perret falou...

Belo depoimento, Al!

Quanto ao (2), você disse:

Celso Roth é um ótimo técnico para disciplinar novos valores;

Sabia que foi ele quem lançou o Robinho nos profissionais? O próprio jogador falou ontem numa reportagem do Sportv.

Quanto aos cartões, já esperava. Muito visível a mudança de atitude dos jogadores, marcando duro, mas duro mesmo, e com muitos chutões. Pelo menos isso denota mais raça e determinação.

 

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