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Tentando dar alguma razão à emoção do futebol

7 de set. de 2005

Brasil 1 x 0 Chile... há 16 anos

escrito por Raphael Perret @ 11:13

Deveria ter escrito isso antes da goleada de domingo, mas não deu. Porém, acho que o registro ainda é válido.

Estive em Santiago na semana que precedeu o jogo das eliminatórias. Não havia um clima de "a cidade respira o jogo". Ninguém vestido com o uniforme (também, pudera, um frio assustador, seria maluco quem não estivesse de jaqueta, casaco, sobretudo ou algo que o valha). E olha que lá é o mês nacional do Chile, em que se comemora a Independência e que funciona de forma similar ao carnaval no Brasil.

Entretanto, a imprensa dava um bom destaque à partida. No sábado, dia 3, dois jornais chilenos publicaram duas reportagens muito interessantes. Não falavam do jogo de domingo passado, mas de um outro que ocorreu exatamente num 3 de setembro pelas eliminatórias de uma Copa do Mundo, só que em 1989, no Maracanã. Naquele dia, o Brasil derrotava o Chile por 1 a 0, no último jogo do torneio que decidia uma vaga ao Mundial da Itália no ano seguinte. De repente, aos 24 minutos do segundo tempo, um rojão cai no gramado próximo ao goleiro Roberto Rojas. Ele cai, é retirado de campo ensangüentado e a equipe chilena abandona o jogo. A Fifa reconhece a vitória do Brasil por 2 a 0 e ainda exclui o Chile de competições internacionais durante um bom tempo. Rojas é banido do futebol, mas sua pena cai em 2001. O goleiro, alguns anos depois, admitiria que se cortou de propósito com um bisturi escondido nas luvas, e que faria isso mesmo que o foguete não tivesse caído no campo.

Sobre o vexame, o jornal Las Últimas Noticias foi atrás da "responsável" pela confusão: Rosenery, a fogueteira, que acendeu o morteiro que iniciou a farsa de Rojas. Hoje ela mora em Araruama, na Região dos Lagos, no Estado do Rio, casada, com filhos, diz que achou que ficaria famosa ao posar na Playboy (sim, isso aconteceu), mas não se arrepende de nada. Rosenery afirma que lançou o morteiro pra cima, e não em direção ao campo. Apesar da ação judicial que sofreu, não foi punida porque Rojas confessou que armou tudo sozinho e não se interessou em processá-lo. Atualmente, não costuma ir aos estádios mas acompanha o seu Fluminense.

Por seu turno, o La Tercera procurou Rojas para falar sobre o jogo de 1989 e o de domingo passado. Sobre o primeiro, o ex-goleiro não quis se pronunciar. Acerca do segundo, disse que o resultado lhe seria indiferente, mas "gostaria que o Brasil ganhasse por causa de sua filha". A frase é polêmica porque Rojas é considerado em seu país natal o melhor goleiro chileno de todos os tempos. Hoje ele mora na capital paulista e está desempregado, já que o São Paulo Futebol Clube, onde prestava seus serviços como treinador de goleiros há muito tempo, o demitiu em março. Por isso, não descarta a possibilidade até de voltar ao Chile se receber um convite para trabalhar.


1 Comentários:

Em 10:56, Anonymous Anônimo falou...

Uma das histórias mais emocionantes que o futebol já presenciou, sem dúvida... daria um ótimo filme!

 

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