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Tentando dar alguma razão à emoção do futebol

29 de jun. de 2005

Robinho + Parreira + Seleção

escrito por AL-Chaer @ 01:46

AL-©haer

Faço questão de escrever este texto, antes da Final (daqui a pouco) entre Brasil e Argentina, pela Copa das Confederações. Há muito estou pensando no assunto, que é delicado, até complexo, pois eu mesmo me volto pra mim mesmo e acho que não tem nada a ver. Mas tem.

Robinho

Desde o aparecimento do Zico (meu único e eterno ídolo) na década de 70, precisamente em 1974, que um jogador de Futebol não me encantava tanto. Então, o que exatamente estou querendo dizer é que nem Romário, nem os Ronaldinhos, o Fenômeno e o Gaúcho, me impressionaram tanto. Atenção! Estou falando de jogadores brasileiros, senão teria que incluir Cruyiff e Maradona.

Um dia, juntei-me ao coro dos amantes do Futebol, pedindo a convocação do Robinho. Robinho foi convocado pelo Parreira, para uma partida (não me lembro qual e estou com preguiça de procurar saber), ficou no banco e nem sequer entrou em campo. Naquela partida, seu então companheiro de clube - Diego – jogou. Fiquei frustrado.

Resumindo, Robinho é o melhor jogador que atua no Brasil, nos últimos três anos.

Mas, Robinho ainda é muito novo, para que se deposite sobre ele tamanha responsabilidade, quando se fala em Seleção. Se a “Amarelinha” não pesa para os nossos zagueiros (que não têm e nunca tiveram muito o que mostrar), convenhamos, pesa muito para os jogadores do meio de campo para frente, em especial, os atacantes, que – na maioria das vezes – decidem.

Para Robinho se firmar no âmbito mundial, é imperativo que ele vá jogar na Europa. A razão é simples: se jogadores medianos como o goleiro Julio César e o atacante Luiz Fabiano estão lá na Europa, então, o Robinho tem que ir para lá.

Robinho vale muitos euros. Mas, se jogar na Seleção, valerá muito mais. E, no momento, é isto que está valendo. Muito.

Este “esquema” é muito antigo. A “ponte” para uma boa negociação, invariavelmente, passa por alguns jogos pela Seleção. E, os exemplos recentes são os mesmos já citados Júlio César e Luiz Fabiano. Só depois que “passaram” pela Seleção é que suas negociações para o exterior foram concretizadas. Depois, ninguém fala mais neles. Até porque não há muito o que falar.

Então, o momento é duplamente “favorável” para que o Robinho esteja na Seleção: Robinho é craque e sua iminente negociação para a Europa tem que ser valorizada.

Parreira

Parreira é um estudioso do Futebol. E aprendeu. Tanto aprendeu, que acabou nos ensinando uma dura lição, na Copa de 94: não basta jogar bonito (vide Copa de 82) para ser Campeão do Mundo; para vencer uma Copa do Mundo, a receita é entrar para não perder, com um goleiro “mais ou menos” (todos os nossos atuais goleiros da Seleção são “mais ou menos”; eu, particularmente, preferiria o Rogério Ceni, pois este aumenta a nossa capacidade de marcar gols em cobranças de falta), continuando, um goleiro, 9 jogadores “bonzinhos” que não questionam o esquema tático (e até se submetem a descaracterizar seu estilo original de jogar futebol) e um “que resolve”. Em 1994, o “um que resolve” foi o Romário, que ganhou sozinho aquela Copa.

E, sinceramente, eu não acredito que o Parreira evoluiu tanto com esta história (para boi dormir e para inglês ver) de Quarteto Mágico com três craques (Robinho, Kaká e Ronaldinho Gaúcho) e mais um na frente, hoje o Adriano, amanhã, o Fenômeno.

Parreira é muito mais esperto do que todos nós juntos. E, o que estou vendo é que o Parreira está unindo o útil (negociação do Robinho) com o agradável (a escalação de tantos craques ao mesmo tempo juntos, que quase todos querem). Digo “quase todos”, pois acho que não é isto que o Parreira quer.

Robinho quase “pregou uma peça” no Parreira, caso tivesse marcado aquele gol, após um chapéu em dois zagueiros alemães, num espaço de apenas 1 metro quadrado, dentro da área. Se aquele gol tivesse acontecido, seria a consagração – prematura – do jovem Robinho. Foi quase uma jogada do Rei. Quase. Para alívio do Parreira.

E o que o Parreira está insistindo em ensinar para nós é que não há espaço no seu esquema para três craques.

Seleção

Pode até ser que o Robinho desencante de vez na Seleção, nesta partida contra a Argentina, daqui a pouco. Eu, no íntimo, estou torcendo muito para isto. Para que Robinho entorte Los Maricóns, da maneira mais Garrinchesca possível. Para humilhá-los.

Mas, nem assim, Robinho terá um lugar no time titular de 2006. As Copas de Robinho serão as de 2010 e 2014.

Robinho ainda está muito novo e não será a Copa das Confederações que sedimentará sua experiência como jogador de seleção. Faltam poucas partidas “de verdade” para a Seleção jogar pelas eliminatórias e, a tendência é que o Brasil se classifique na próxima partida, contra o Chile. Depois, todos jogos serão amistosos e, normalmente o Brasil só joga contra times de pouca expressão antes da Copa do Mundo.

Na “Seleção” do Parreira só tem espaço para, no máximo, dois craques, que serão, por antigüidade, o Kaká e o Ronaldinho Gaúcho, com o Fenômeno-de-uma-perna-só, o garoto da Nike (o das férias merecidas) lá na frente, jogando menos que o Adriano.

O que está provado é que os três craques não mostram regularidade nas partidas. Mas, quando entra um jogador mais combatente (leia-se Renato ou Juninho Pernambucano) o esquema do Parreira encaixa.

E, sabem o que eu AL-cho? Que Rivaldo estará no grupo de 2006. E, sendo assim, aposto que será titular. Vou repetir, para vocês não acharem que eu estou ficando louco: Ri-val-do.

E o Robinho vai ser vendido. Mas tem que ser logo, senão vai complicar a cabecinha do Parreira. E a do próprio Robinho. E as de todos que lucrarão com a negociação.

Seleção Brasileira é isto. E é por isto que eu torço para a Holanda, para todas as equipes africanas e, agora para o Japão, do “Dgico”.

Por via das dúvidas, “Pedala Robinho” pra cima deles. Depois, talvez só em 2010.

4 Comentários:

Em 19:17, Blogger Daniel F. Silva falou...

- Muitos acham (assim como eu) que um jogador como Robinho permanecer no futebol brasileiro seria um grande chamariz para o público comparecer aos estádios, mas para que esse jogador cresça profissional é necessário que se transfira para o futebol europeu, onde tem a chance de ser bem mais valorizado. É duro, mas é verdade.

- Não acho que os goleiros que estão na Seleção sejam "mais ou menos", acho até que o Brasil nunca esteve tão bem quando o assunto é defender as próprias metas. Dida e Marcos são espetaculares, e existem tanto no Brasil (em muito maior escala) quanto na Europa goleiros brasileiros com condições de ser o terceiro goleiro na Copa (Rogério Ceni, os Diegos, Gomes, Júlio César etc.).

- Realmente, o Japão, pelo que vem mostrando nas Eliminatórias e pelo que mostrou na Copa das Confederações, promete dar, no mínimo, muito trabalho na Copa. O mesmo digo para a Holanda, apesar de ainda não ter garantido sua vaga, e está mordida por não ido em 2002. Outras surpresas: Portugal, Ucrânia, Estados Unidos.

 
Em 19:36, Blogger AL-Chaer falou...

É, Daniel, talvez eu esteja sendo muito rigoroso com relação aos nossos goleiros...mas, no fundo, não basta que eles sejam "espetaculares"; com o miolo de zaga que temos (qualquer que seja a dupla de zagueiros) nossos goleiros têm que ser "excepcionais".

Mas, peraí, Daniel! Sinceramente, não sei o que está acontecendo nas nossas cabecinhas:

- eu, dizendo que o Rivaldo vai voltar para a Seleção, ou

- você se lembrando do Julio César para terceiro goleiro...

Grande AL-Bra©o
AL-©haer

p.s.: detalhe: eu ouvi uma entrevista do Parreira elogiando o perfil do Rivaldo...na entrevista ele comenta que deixou de chamar o Rivaldo, pois quando ele (o Parreira) retornou para a Seleção, o que "se falava" na CBF era que o Rivaldo não queria mais jogar pela Seleção (palavras do Parreira), mas que, agora, ele (Parreira) já ficou sabendo que o próprio Rivaldo reconsiderou sobre a Seleção e, por tudo que já fez pela Seleção, com a recuperação técnica e com sua experiência, não está descartado o aproveitamento do Rivaldo em 2006...

 
Em 21:28, Blogger Raphael Perret falou...

Cogitar Júlio César pra seleção a essa altura do campeonato é coisa de flamenguista. Na Copa das Confederações estavam Dida, Marcos e Gomes. Se um deles não for, Rogério Ceni é o primeiro da fila. JC só volta à seleção se defender tudo no campeonato italiano daqui pra frente. Uma pena, porque ele foi um dos destaques da Copa América do ano passado.

 
Em 15:41, Blogger Daniel F. Silva falou...

De fato, mencionei o Júlio César exatamente por causa de suas boas atuações na Copa América. A essa altura, é difícil ele ir ao Mundial, só se ele fizer grandes atuações na Inter (primeiro, ele terá que ser o titular). Quanto ao Rivaldo, ele tem condições de recuperar a 10 em 2006, só precisa ir para uma vitrine futebolística com maior visibilidade que a grega (ainda que seja a atual campeã da Eurocopa).

 

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